Piauí não atende nem 13% da população com deficiência
Segundo dados da Crefito, cerca de 160 mil pessoas em Teresina apresentam alguma deficiência.
Dados que apontam que mais de um quarto da população piauiense tem algum tipo de deficiência, seja leve, moderada ou grave; motoras, intelectuais, visuais ou auditivas; não acompanham a progressão da ampliação de Centros para tratamentos. Para o presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional do Piauí (Crefito- 14), menos de 15% da população recebe tratamento de reabilitação, adaptação ou readaptação no Piauí.
“Creio que, hoje, não estejamos atendendo nem 13% da população com deficiência. Ora, só em Teresina temos cerca de 160 mil pessoas com alguma deficiência, 10% disso seriam seis mil pessoas, mas não temos isso em atendimento. Têm que ser tomadas medidas em nível de Governo, em nível de sociedade, todos têm que dar uma contribuição para que essas pessoas sejam alcançadas. E de onde vêm nossos deficientes? Eles vêm dos acidentes de trânsito, acidente de trabalho, das doenças metabólicas. Técnicos da Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmam que 60% das deficiências são evitáveis, então, precisamos nos informar e agir”, defende o presidente do Crefito, Marcelino Martins.
Marcelino também preside a Sociedade de Apoio à Pessoa com Deficiência de Teresina (Soadf). O fisioterapeuta prevê que a ampliação das regras de garantia aos direitos das pessoas com deficiência, principalmente no campo da saúde, permitirá a melhoria da qualidade de vida de centenas de piauienses, além do desenvolvimento das técnicas de tratamento no interior do Estado.
Foto: Jailson Soares/O Dia
Marcelino Martins defende a interiorização dos serviços de saúde prestados às pessoas com deficiência no Piauí
“Tem que interiorizar o serviço porque, assim, poderemos investir em pesquisa, em médicos, em técnicas para poder devolver o cidadão o mais rápido possível ao convívio da sociedade. Esse estatuto vai abrir um grande leque de acesso. Para cada PSF tem o NASF, que eram onde estavam os fisioterapeutas, mas isso não supre a demanda. O que o estatuto vai possibilitar é que o próprio fisioterapeuta atue junto do PSF com o médico, o enfermeiro, o dentista e o assistente social, isso poderá transformar a vida de muitas pessoas”, lembra Marcelino.
A implementação de fisioterapeutas na saúde da família vai ajudar jovens como Natália de Sousa, que é natural do município de União e há seis anos se desloca a Teresina para dar continuidade ao tratamento de reabilitação. Com fisioterapeutas atuando no PSF, Natália poderá ser acompanhada no próprio município.
“Moramos em uma localidade a 12 quilômetros de União; então, é muito dificultoso conseguir carro para vir fazer o tratamento. Muitas vezes, temos que adiar as consultas porque não tem como vir, com um tratamento lá, no nosso município, tenho certeza que seria bem mais fácil”, acredita a mãe de Natália, Maria Cleia.
A jovem tem mielomeningocele e hidrocefalia. Com o tratamento desenvolvido no Centro Integrado de Reabilitação (Ceir), ela já elenca vitórias, como conseguir ficar de pé e ter mais mobilidade dos membros inferiores. “Quando a Natália nasceu, eu nem sabia que podia existir uma deficiência assim, mas, depois que começamos o tratamento, ela evoluiu muito e eu me surpreendi. As sessões de fisioterapia e psicologia foram as que mais ajudaram, espero que um dia possa ter isso com qualidade lá no interior”, finaliza.