Os cidadãos de Teresina contam com o serviço de Plantão Funerário, mantido pela Prefeitura Municipal. O setor é responsável por orientar as pessoas que precisam sepultar um ente querido e não sabem em que cemitérios há vagas. Contudo, a reportagem do Jornal ODIA, ao tentar colher informações sobre o procedimento a ser seguido, foi encaminhada, por uma funcionária do Plantão, para uma funerária particular.
Inicialmente, a reportagem ligou para pedir informações sobre o serviço do Plantão Funerário e a atendente, contatada pelo número 3215-7499, de antemão, indagou se já havíamos contratado uma funerária. Com a resposta negativa, a funcionária indicou uma empresa particular, oferecendo o número e nome do proprietário. Informou-nos que o dono da funerária indicada explicaria como funciona o processo e quais são os planos disponíveis. Ao final da ligação, ela pediu que disséssemos o seu nome ao entrar em contato com a funerária: “diga que é a mulher do Plantão Funerário, viu?”, e reiterou dizendo: “lá, o preço é mais em conta”.
Conforme a indicação, a equipe entrou em contato com o dono da funerária, dizendo que precisava dos seus serviços para um sepultamento. O proprietário, então, se colocou à disposição para ajudar em qualquer horário do dia. Segundo ele, os planos funerários eram a partir de R$ 500 e incluíam o serviço completo, com direito a higienização, maquiagem e transporte do corpo; faltando apenas confirmar com a pessoa do Plantão Funerário em qual cemitério o corpo seria enterrado.
Posteriormente, a reportagem tornou a contatar o Plantão Funerário, pontuando que gostaria de saber como conseguir um caixão e um espaço para o enterro. Desta vez, outra pessoa atendeu o chamado e indicou que fossemos até o Plantão, com a declaração de óbito em mãos, para que o sepultamento fosse encaminhado. Ao questionarmos se eles também irão ceder o caixão, o atendente respondeu que o órgão responsável por essa cessão era a Secretaria Estadual de Assistência Social e Cidadania (Sasc). Sobre o local para o enterro, o atendente disse: “vamos ligar para saber se tem vaga”. Ao perguntarmos se era necessário pagar alguma quantia, o atendente revelou: “você vem aqui que eu vou mandar a funerária te pegar para te levar lá. O que você vai pagar é só o carro que vai levar o corpo e a taxa do cemitério”.
Contraponto
Diante da situação inusitada, a equipe de ODIA foi buscar maiores esclarecimentos com a Prefeitura de Teresina, que afirmou que a administração pública não tem nenhum convênio com funerárias particulares para prestar qualquer serviço. A Prefeitura informa ainda que o Plantão Funerário é responsável por indicar qual cemitério mais próximo tem vaga para sepultar a pessoa falecida, para tanto o Plantão trabalha em parceria com as Superintendências de Desenvolvimento Urbano de cada zona da cidade (SDUs).
Por sua vez, o gerente de Serviços Urbanos da SDU-Centro/Norte, Esaú Araújo, afirmou que, ainda esta semana, deve se reunir com os funcionários do Plantão Funerário para tratar deste caso. “Vamos identificar esta pessoa que indicou uma funerária particular e tomar as devidas providências, pois esta não é a orientação da Prefeitura de Teresina”, completa. Esaú destaca ainda que o serviço estava, há quase um mês, sem coordenação, mas que a pessoa indicada para o cargo já tomou a frente na última sexta-feira.
Plantão da Sasc
Vale ressaltar que a informação prestada pelo funcionário que atendeu a segunda ligação do Jornal O DIA está correta. Quando a família não tem condições de arcar com os custos do enterro, ela pode entrar em contato com a Sasc e solicitar a doação do caixão e a dispensa do pagamento da taxa de sepultamento, que varia de acordo com cada cemitério.
Este programa é destinado a pessoas em vulnerabilidade social, ou seja, em situação de pobreza ou extrema pobreza. Desta forma, a Sasc disponibiliza, em todo o estado do Piauí, o deslocamento do corpo do hospital para a funerária, os serviços de limpeza e vestimenta, assim como o deslocamento da funerária para o cemitério.
De acordo com a assistente social responsável pelo Plantão Social da Sasc, Alcylene Melo, o serviço está passando por um reordenamento, onde, possivelmente nos próximos anos, será executado pelo próprio município de Teresina. Pois, de acordo com as políticas de assistência social, a execução desse trabalho deve ser feita pelo município, sendo que o Estado é responsável apenas por monitorar, supervisionar e acompanhar a execução do serviço. Como a Prefeitura ainda não financia este serviço, a Sasc ainda o mantém.
Pessoas interessadas em receber o atendimento funerário da Sasc devem ter o perfil exigido pelo programa, devem estar em situação de pobreza ou extrema pobreza, e têm que se dirigir à Secretaria com os documentos necessários: declaração de óbito, registro geral e cadastro de pessoa física. A partir disto, será realizada uma entrevista para verificar se o interessado tem o perfil exigido. Confirmados os dados, o serviço é concedido.
fonte portal o dia