Igreja de São Benedito faz 140 anos; um templo para pobres e cativos
Construção da Igreja foi a realização de um sonho para os mais pobres.
O número de fiéis diminuiu por motivos óbvios: o centro, praticamente, foi transformado em reduto comercial e a violência contribuiu enormemente para barrar a visita de saudosistas que passaram a residir em bairros mais afastados. Mesmo assim é impossível não fazer uma reverência ao passar diante da Igreja de São Benedito que, imponente, parece desafiar o tempo – ao completar 140 anos de existência.
Em 1874, Teresina já contava com duas igrejas católicas que atraiam as famílias abastadas da cidade: uma localizada na Praça Saraiva ( Igreja de Nossa Senhora das Dores) e a outra na Praça Rio Branco ( Igreja de Nossa Senhora do Amparo). Entretanto, os escravos e as pessoas mais pobres ficavam sem poder expressar sua fé, com naturalidade, em um templo religioso que o acolhesse sem a sombra do preconceito.
Foto: Jailson Soares/ODIA
De acordo com o historiador Fonseca Neto, a cidade inteira se prontificou a ajudar a obra, mas às vezes parecia duvidar da realização daquela ideia que entusiasmava os pobres e negros. Um fato contribuiu muito para o aumento das doações: em 1875, uma grande epidemia de varíola assolou a capital encravada na Chapada do Corisco.
Frei Serafim abraça todos os doentes e sai cuidando dos atingidos pela terrível doença, como dedicação nunca vista. Dizem que nessa ocasião, frei Serafim apresentava- se angélico: era praticamente impossível acreditar que aquele homem italiano tivesse tanto amor aos desemparados. Ele saia em socorro dos incontáveis doentes, os “pestosos”, como diz a crônica dessa época. O povo pobre padecia em dobro. E lá estava o frei a consolar e a encomendar almas. Segundo os historiadores, esse foi um dos mais graves flagelos a atingir Teresina, em toda a sua história: morreram 500 pessoas.