domingo, 15 de junho de 2014

Igreja de São Benedito faz 140 anos; um templo para pobres e cativos


Igreja de São Benedito faz 140 anos; um templo para pobres e cativos

Construção da Igreja foi a realização de um sonho para os mais pobres.

O número de fiéis diminuiu por motivos óbvios: o centro, praticamente, foi transformado em reduto comercial e a violência contribuiu enormemente para barrar a visita de saudosistas que passaram a residir em bairros mais afastados. Mesmo assim é impossível não fazer uma reverência ao passar diante da Igreja de São Benedito que, imponente, parece desafiar o tempo – ao completar 140 anos de existência. 
Em 1874, Teresina já contava com duas igrejas católicas que atraiam as famílias abastadas da cidade: uma localizada na Praça Saraiva ( Igreja de Nossa Senhora das Dores) e a outra na Praça Rio Branco ( Igreja de Nossa Senhora do Amparo). Entretanto, os escravos e as pessoas mais pobres ficavam sem poder expressar sua fé, com naturalidade, em um templo religioso que o acolhesse sem a sombra do preconceito. 
Foto: Jailson Soares/ODIA
O Alto da Jurubeba, nessa época, era um local ermo da nova capital piauiense – cujo centro urbano era somente o quadrilátero onde hoje está localizado o Parque da Bandeira e alguns poucos metros daquela redondeza. Próximo a um antigo cemitério de escravos, indígenas e desvalidos, um religioso que se sentia inclinado à mais pura caridade, resolve desenhar a planta daquele que seria o templo que abraçaria os deserdados, aqueles excluídos da chamada sociedade: era o frei italiano Serafim de Catânia que veio se estabelecer em Teresina. 
A pedra fundamental do terceiro grande templo construído em Teresina foi lançada em 13 de junho de 1874, e com ela uma grande campanha visando angariar fundos para a realização do sonho das camadas mais pobres e “deserdadas” da nova capital. Essa população, em especial os cativos, constituíram uma irmandade e um fundo (“óbulo”) – com o intuito de ajudar nessa empreitada – projeto que logo, logo foi assumido pelo frei italiano. 
De acordo com o historiador Fonseca Neto, a cidade inteira se prontificou a ajudar a obra, mas às vezes parecia duvidar da realização daquela ideia que entusiasmava os pobres e negros. Um fato contribuiu muito para o aumento das doações: em 1875, uma grande epidemia de varíola assolou a capital encravada na Chapada do Corisco. 
Frei Serafim abraça todos os doentes e sai cuidando dos atingidos pela terrível doença, como dedicação nunca vista. Dizem que nessa ocasião, frei Serafim apresentava- se angélico: era praticamente impossível acreditar que aquele homem italiano tivesse tanto amor aos desemparados. Ele saia em socorro dos incontáveis doentes, os “pestosos”, como diz a crônica dessa época. O povo pobre padecia em dobro. E lá estava o frei a consolar e a encomendar almas. Segundo os historiadores, esse foi um dos mais graves flagelos a atingir Teresina, em toda a sua história: morreram 500 pessoas.

fonte portal o dia