Polícia suspeita que haja mais de 200 kg de cocaína em região de avião acidentado
Equipes de policiais estão realizando varreduras para encontrar a droga que foi jogada no meio do mato. O avião estaria transportando, no mínimo, 220 quilos de cocaína pura
Mais de 200 quilos de cocaína pura podem estar no entorno do lugar em que caiu o avião monomotor Cessna 210, acidentado na madrugada do último sábado na cidade de Assunção do Piauí (a 280 quilômetros de Teresina). O avião se destroçou e depois pegou fogo entre duas serras no limite das localidades Brasília e Lajeiro Branco (a 28 quilômetros da sede da cidade, próximo à divisa do Piauí com o Ceará).
As informações são do responsável pela Delegacia de Entorpecentes da capital do Piauí, Menandro Pedro da Luz. Ele esteve duas vezes no lugar do acidente e preside o inquérito que investiga o caso. O delegado e sua equipe passaram mais de 30 horas na região, inclusive interrogando os seis acusados de serem membros da quadrilha que resgataria a droga transportada no avião que caiu.
Uma das novas informações é que tudo indica que a aeronave não pousaria na pista clandestina do povoado Palmeira (em São Miguel do Tapuio). O piloto do avião jogaria os pacotes de cocaína em pontos estratégicos. A droga seria resgatada durante todo o dia do acidente pela quadrilha (composta por seis homens) presa na manhã de sábado dirigindo-se justamente para a região.
Os acusados tinham operação de guerra para o resgate do material. A droga seria reembalada e colocada em um caminhão tanque. O destino final era a capital do Ceará, Fortaleza.
O delegado Menandro Pedro da Luz atualizou as informações revelando que o pacote de cocaína encontrado junto a aeronave é de 22 quilos e não de 30 ou 40, como divulgado anteriormente. O pacote estava muito bem acondicionado, justamente para poder receber impactos e ser arremessado de alturas medianas.
Pela operação envolver tanta logística o delegado Menandro Pedro acredita que, no mínimo, 200 quilos estejam perdidos na região. “O avião não iria pousar, mas estava jogando pacotes”, revelou o delegado. Os outros pacotes, até o início da noite desta segunda (13 de abril) ainda não tinham sido encontrados.
Equipes de policiais das cidades de São Miguel do Tapuio, Assunção do Piauí, Castelo do Piauí, Buriti dos Montes e Campo Maior estão realizando varreduras para tentar encontrar outros pacotes de cocaína na região em que a aeronave se destroçou no último sábado. O avião estaria transportando mais de 200 quilos de cocaína pura. A droga seria jogada na divisa do Piauí com o Ceará, depois acondicionada em balões para ser transportada em um caminhão pipa até a capital do Ceará.
O delegado também revelou como funcionaria o esquema de distribuição da droga transportada no avião acidentado e que a mesma pertencia a uma quadrilha internacional. Um dos seis membros presos era procurado pela Polícia Federal e na última vez que foi preso estava com 50 quilos de cocaína.
A QUADRILHA. UM DOS PRESOS ERA PROCURADO PELA PF E JÁ TINHA SIDO FLAGRADO COM 50 QUILOS DE COCAÍNA
A quadrilha composta por seis homens é considerada uma das mais perigosas já presas nos últimos anos no Piauí.
Estão encarcerados em Teresina, na Casa de Custódia: Tiago Costa de Araújo, Cleber dos Santos, Robson Davi Siqueira, Ronaldo Aparecido Moreira Torres, Vagner Pereira da Silva e Alex Sandro Pereira. Eles foram indiciados por crimes de formação de quadrilha, associação para o tráfico, uso de documento falso e também por transporte irregular de combustível.
O delegado Menandro Pedro lembrou que Tiago Costa de Araújo vinha sendo procurado pela Polícia Federal há muito tempo. Ele já tinha sido preso outras vezes, acusado de transportar 50 quilos de cocaína no Ceará. Em outra prisão, segundo o delegado, Tiago Araújo estava com R$ 600.000,00, em espécie, no Aeroporto Pinto Martins, na capital cearense. “São indivíduos de alta periculosidade e acostumados a fazer isso”, destacou o delegado, que é um dos mais experientes da Polícia Civil do Piauí. “Metade deles portava documentos falsos”.
Os seis homens foram presos por policiais militares do Ceará quando já estavam em território Piauí. Os seis andavam em três caminhonetes, sendo uma Hilux e duas Amarok, todas novos. Transportavam também um drone, cadeiras, mesas, garrafas de uísque, muita água mineral, energético, gelo e até uma churrasqueira.
Os acusados também portavam 12 rádios transmissores e ainda R$ 15.100,00 em espécie. Além disso haviam dois tanques de combustível, cada um com 200 litros de combustível para avião, o que deu a crer que a aeronave pousaria em algum aeroporto não tão muito longe do local em que caiu. Mas, segundo policiais que investigam o caso, seria em um aeroporto regular, não em um clandestino.
Depois do interrogatório os seis homens ainda apontaram para um caminhão tanque, que seria usado para transportar a droga (escondida) entre o Piauí e a capital do Ceará. O veículo de carga seria usado para o transporte da droga entre o interior e a capital cearense.
O DESTINO DA DROGA E COMO ELA SERIA TRANSPORTADA ATÉ FORTALEZA
O destino final da droga era Fortaleza. As primeiras investigações revelam que o avião vinha da região amazônica e jogaria os pacotes de drogas (entre 20 e 25 quilos, cada) na região de Assunção do Piauí.
Com o drone (aparelho que possibilita vôos e transmissão de imagens em tempo real) haveria a localização da droga. Por questões estratégicas seria levado nos três veículos da quadrilha até um ponto entre a divisa piauiense e cearense.
A droga seria novamente reunida para sofrer um novo processo de transporte.
O avião não pousaria em pistas clandestinas. Para não despertar suspeita pousaria no aeroporto de Crateús, no Ceará, como se estivesse com problemas de combustível. O mesmo terminaria por ser abastecido pelo combustível (400 litros) levado pela quadrilha presa no Piauí.
A tática de jogar a cocaína em vez de descarrega-la era mais uma jogada da quadrilha para não despertar suspeitas de alguém que visse a aeronave. Isso serviria para que outras viagens pudessem ser feitas.
Com a cocaína resgatada a quadrilha iria coloca-la em balões de aniversário e transporta-la em um caminhão tanque, adaptado especialmente para o transporte da droga. Um plano quase que perfeito se não fosse a queda do avião.
“Essa rota, com certeza, era usada há muito tempo. Ainda teremos muito mais novidades”, disse, em tom de mistério, o delegado Menandro Pedro.