terça-feira, 11 de outubro de 2016

Colapso na rede de esgoto pode acontecer por falta de vontade política, reclama engenheiro

Colapso na rede de esgoto pode acontecer por falta de vontade política, reclama engenheiro


Com obras paradas desde 2012, a rede de esgoto da zona Sul da capital acumula problemas e muitos prejuízos para moradores, para a União, que terá que pagar R$ 40 milhões a mais na atualização do valor, e a empresa, que tem um gasto mensal de R$ 15 mil para manter um depósito e um calote de cerca de R$ 10 milhões pelo início das obras. De acordo com o engenheiro responsável pela ação, que classifica o atraso como “má vontade política”, com as ligações clandestinas em 40 km de rede já instalados pode haver um colapso e o esgoto voltar para as casas. 
A obra teve início em 2009 e, entre disputas judiciais pelas empresas na licitação, acabou sendo iniciada à força, segundo o presidente da construtora Jole, que aplicou cerca de R$ 10 milhões. “A obra é para ter sido terminada em 2012 com os 270 km de rede de esgoto, ligação residencial e estação de tratamento”, explica o engenheiro José Leal, reclamando do prejuízo da empresa.
Segundo o engenheiro, a obra foi paralisada pode determinação da Caixa, que alegou a carência de informações no projeto e uso da tabela errada do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI). “Disseram que estávamos desobedecendo a tabela do Sinapi, que eles usam a do nordeste, mas nós usamos justamente a tabela usada no Piauí e Maranhão, que é diferente. Provamos isso para a justiça e nos deram razão”, reclama Leal.
Com os embargos e a briga judicial, a obra está parada até hoje, com vários quilômetros de canos e equipamentos mantidos em um depósito na zona Sul, onde frequentemente são registradas tentativas de roubo. “O material está lá e temos que manter segurança e o aluguel do espaço”, afirma, destacando que é gasto cerca de R$ 15 mil por mês.
O engenheiro alega que existe uma esperança da obra ser terminada. Isso porque há um processo tramitando na Justiça Federal e com a decisão do TCU em deixar a obra de saneamento da zona Sul por responsabilidade da construtora Jole, impedindo outra contratação para o mesmo serviço, isso deve ser facilitado. No entanto, a obra que custaria R$ 61 milhões em 2012 e os recursos acabaram voltando ao Ministério das Cidades, com a atualização dos valores, pode passar para R$ 100 milhões hoje. “É um grande prejuízo, principalmente, ao erário público. Ela já poderia estar funcionando desde 2012 e hoje está muito mais cara”, lamenta.
Para ele, o maior problema da obra foi falta de vontade política, que veio desde que foi recomendado a não participar da licitação. “Mudaram vários gestores na Agespisa no meio dessa confusão toda, mas nunca conseguiram resolver o problema. Isso porque não queriam que entrássemos na obra”, reclama Leal.
Outro problema com a paralisação da obra é que algumas pessoas acabaram fazendo ligações clandestinas às residências em um sistema de esgoto que não estava concluído, o que apresenta um grande risco. “Esses canos não estão dando em lugar nenhum, já que não tem a estação. Uma hora [o esgoto] vai voltar [para as casas]. Teve apenas 40 km de rede de esgoto concluída e que deverá ser refeita. Está tudo lá enterrado”, frisa o engenheiro.

fonte cidadeverde.com