Piauí é o Estado com maior risco de mortes em consequência do trânsito
Segundo o Ministério da Saúde, o Estado registra evolução no ranking de risco, passando do 20º lugar em 2000 para o 1º lugar há três anos.
Quando o assunto é trânsito, há diferentes graus de infrações, desde as leves às gravíssimas. No entanto, os efeitos de todo um sistema, onde a educação no trânsito não é seguida por todas as pessoas, pode refletir em um risco maior. No Brasil, 37 mil pessoas morrem, por ano, em acidentes de trânsito. Neste cenário, o Piauí aparece como o estado com o maior risco de mortes em consequência da violência no trânsito. Quem afirma é Cheila Marina de Lima, consultora técnica do Ministério da Saúde e coordenadora da área de prevenção de acidentes do órgão.
De acordo com a consultora, em 15 anos, o Piauí subiu do 20º lugar no ranking de risco de morte, registrado nos anos 2000, para o 1º lugar em 2015 – onde permanece desde então. Já no que diz respeito ao número de óbitos, o Piauí perde apenas para o Tocantins no ranking dos estados com pior índice de óbitos por 100 mil habitantes do país, segundo o Relatório da Segurança Viária 2017, com base em dados de 2015.
Foto: Elias Fontenele/O Dia
Tantos acidentes impactam negativamente o sistema de saúde pública, que fica sobrecarregado. Segundo dados do Observatório Nacional de Segurança Viária, cerca de R$ 52 bilhões são gastos por ano com acidentes de trânsito e, desse montante, os maiores gastos são com a previdência social e os óbitos.
Sobrecarga do sistema
Em Teresina, o sistema de saúde sobrecarregado leva à demora no atendimento. A falta de recursos devido à alta demanda é sentida por quem precisa utilizar a rede pública, como é o caso do seu Inocêncio José, acidentado há alguns anos. O filho dele, Samuel Andrade, conta a dificuldade em conseguir atendimento após o acidente, onde o condutor do carro invadiu um semáforo vermelho e não se responsabilizou, fugindo do local do acidente.
“Sem plano de saúde, recorremos ao serviço público. Primeiros socorros prestados no HUT, soubemos que precisaria fazer imediatamente duas cirurgias na perna e uma no ombro. A primeira só foi realizada após 17 dias internado, e a outra esperamos um mês. Nesse período, ele não podia se movimentar e passava o dia aguardando na cama do hospital. A terceira cirurgia, juntamos dinheiro para pagar, aproximadamente R$ 8 mil, porque não tinha previsão para ser feita”, explica Samuel.
Apesar da demora, Samuel e a família ainda se consideraram sortudos por conseguirem o atendimento na rede pública de saúde da Capital. “Tivemos sorte porque, nesses dias no hospital, pudemos conhecer muitas histórias deprimentes, pessoas que todos os dias se animavam com o anúncio da cirurgia e, por algum motivo, era cancelada repetidas vezes. Ouvimos relatos de mais de dois meses de espera, pessoas que desistiram e se contentaram em voltar para casa sem o movimento da perna. Outros com diversos problemas de coluna, respiratório, por permanecerem tanto tempo acamados”, lamenta.