Nesta edição, a instituição tem um novo processo de heteroidentificação, destinados aos aprovados autodeclarados negros (pretos/pardos)- Ação Afirmativa 2.
As matrículas institucionais para os candidatos aprovados no Sistema de Seleção Unificada (SiSU) /2020 começaram nesta sexta-feira (31) e seguem até o dia 5 de fevereiro, em todos os campi da Universidade Estadual do Piauí (Uespi). Nesta edição, a instituição tem um novo processo de heteroidentificação, destinados aos aprovados autodeclarados negros (pretos/pardos)- Ação Afirmativa 2.
Ao todo (Ampla concorrência, Ações Afirmativas 01 e 02), foram mais de 3.000 alunos convocados para ingresso em 91 cursos ofertados. Um dos calouros é o Jonatas Paulino da Cunha, de 18 anos, aprovado em Medicina na Uespi. Filho do agricultor Raimundo Nonato, 52 anos e da professora do NEAD/Uespi, Patrícia Monteiro, 46 anos, ele será o primeiro médico da família.
Natural do município de Fronteiras, localizado a cerca de 400 km da capital piauiense, o calouro estudou durante todo Ensino Fundamental e Médio em escolas públicas. Cursar Medicina para ele é a realização de um sonho. “Pretendo utilizar a Medicina para ajudar diretamente a minha comunidade. Sou grato à minha família por sempre me ensinar que a educação pode transformar vidas. Com muito suor e esforço dos meus pais, consegui ser o primeiro colocado na cota racial do meu curso, serei o primeiro Médico da família”, ressalta.
Ainda em comemoração do resultado, a cada olhar é possível sentir o orgulho e a admiração que os pais de Jonatas Paulino demonstram. De poucas palavras e origem humilde, Raimundo Nonato sente que todo o seu empenho na roça foi recompensado com o sucesso do filho. Entusiasta, a pedagoga e filósofa Patrícia Monteiro destaca a relevância dessa aprovação. “Somos de uma cidade pequena, com aproximadamente 12 mil habitantes, esse conquista do meu filho traz uma representatividade imensa para região. A sensação é que a realização do sonho dele pode servir de inspiração para muitos estudantes”, acrescenta.
Processo de heteroidentificação
Para evitar fraudes nas inscrições raciais, o novo processo de heteroidentificação da Uespi consiste em uma verificação por meio de entrevista presencial com filmagem e análise de documentação por uma banca formada por docentes e técnicos da instituição. Para o candidato é obrigatório preencher o formulário de Autodeclaração, e, de posse do referido documento realizar a heteroidentificação.
No caso dos aprovados nos campi do interior, esse processo acontece no próprio campus que os candidatos foram selecionados. Para os estudantes da capital (Torquato Neto, CTU, CCS e Clóvis Moura), estes devem dirigir-se ao campus Poeta Torquato Neto, sala de Multimeios do curso de Jornalismo, bloco 6, campus Torquato Neto.
Mediante aprovação da banca, o candidato aprovado por meio do sistema de cotas será liberado para efetuar sua inscrição no referido campus/curso escolhido por ele no momento de inscrição no SiSU. O recém matriculado autodeclarado negro, José Augusto da Silva, 26 anos, passou pelo processo de heteroidentificação. Para ele esse processo é muito importante no ingresso de alunos cotistas nas instituições públicas.
“A gente sabe que existe um preconceito contra nós (negros). A História conta isso. Essa heteroidentificação é extremamente importante, para que o povo negro tenha cada vez mais acesso ao sistema educacional superior”, disse o calouro do curso de Pedagogia, campus Poeta Torquato Neto.
O candidato que tiver sua autoidentificação indeferida pela Comissão de Heteroidentificação não terá sua matrícula confirmada, todavia, este fará jus a recurso, que será avaliada por uma segunda banca de heteroidentificação. O horário de funcionamento da Comissão de heteroidentificação, em todos os campi da Uespi, será de 07h30 às 13h30.
As matrículas institucionais da Uespi serão realizadas até o dia 05/02/2020. Para conferir toda documentação exigida clique aqui.