DINHEIRO PÚBLICO é jogado pelo ralo em obras inacabadas
CONHEÇA MAIS DA GUARIBAS das famílias sem moradia e dos projetos que não 'andam'
Idealizado pelo governo petista do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva juntamente com o de Wellington Dias (PT), a suntuosidade do monumento em homenagem ao Programa Fome Zero se tornou um desperdício de dinheiro público e hoje se contrapõe à necessidade de casas que existe no município de Guaribas, pintada na propaganda do governo como que sendo um céu de brigadeiros.
O Memorial do Fome Zero nunca foi inaugurado, nem funcionou. A obra custou exatos R$ 577.603,59. E é justamente sobre este desperdício de dinheiro público que o 180 trata neste segundo especial sobre a cidade de Guaribas.
O local deveria ser uma espécie de museu para os visitantes, onde toda a população de Guaribas, assim como as de outros municípios, que dificilmente querem ir para lá por não possuir uma estrada, encontrassem relatos, fotos, e todo os bastidores da implantação do Fome Zero e da escolha de Guaribas para transformá-la em um mito governamental da atuação do governo de Lula e Wellington. Nem isso eles conseguiram.
O local deveria ser uma espécie de museu para os visitantes, onde toda a população de Guaribas, assim como as de outros municípios, que dificilmente querem ir para lá por não possuir uma estrada, encontrassem relatos, fotos, e todo os bastidores da implantação do Fome Zero e da escolha de Guaribas para transformá-la em um mito governamental da atuação do governo de Lula e Wellington. Nem isso eles conseguiram.
O que se vê é um mito frágil, que não se sustenta no mais consistente discurso político de quem quer que seja, até mesmo proferido por Lula.
Sujo, abandonado, o elefante branco Memorial ao Fome Zero é um exemplo perfeito da “Teoria das Janelas Quebradas”. “Considere-se um edifício com algumas janelas quebradas. Se as janelas não são reparadas, a tendência é para que vândalos partam mais janelas. Eventualmente, poderão entrar no edifício, e se este estiver desocupado, tornam-se ocupados ou incendeiam o edifício. Ou considere-se um passeio. Algum lixo acumula-se. Depois, mais lixo acumula. Eventualmente, as pessoas começam a deixar sacos de lixo”, esse trecho é de um artigo com o título Broken Windows, de James Q. Wilson e George L. Kelling, que deu origem a um livro de criminologia e sociologia urbanas. A teoria foi usada pelo então prefeito de Nova Iorque Rudolph Giuliani para combater a criminalidade que assolava a cidade na década de 90.
Memorial encontra-se completamente abandonado, sem nenhuma manutenção
A obra inutilizada se contrapõe a uma das muitas necessidades do município, que possui 4.401 habitantes. E não está se falando nem da falta de saneamento básico, que ainda não foi universalizado na cidade Símbolo do Fome Zero, mesmo depois de oito anos de governo Lula e quase oito anos de governo Wellington Dias. Está se falando sim da falta de casas, de moradia, residências para a população que ouviu muitas promessas até hoje não cumpridas.
“Meu filho, arrume uma casa para mim”. “Mas eu sou só um simples jornalista, senhora”. “Mas o senhor conhece esses homens poderosos”. Esse diálogo foi mantido com a senhora Beliza Pereira, que não sabia a idade que tinha e foi preciso trazer seu documento para se comprovar que já era uma senhora de 70 anos que ainda pedia uma casa para morar. Na identidade a inscrição “não alfabetizada” e na mente a esperança não concretizada trazida pelo Partido dos Trabalhadores.
'Meu filho, me arrume uma casa', pede Dona Beliza a nossa reportagem
Dona de casa e com vigor para ainda trabalhar na roça, dona Beliza Pereira pediu para se divulgar que ela morava na rua Maria Correia da Silva, bairro Favela, em Guaribas. A esperança era de que alguém fosse cumprir as promessas feitas a ela por Lula e Wellington Dias. Ela mora na residência das filhas, mas queria algo seu. Uma das filhas é Macileide Pereira de Sousa, que recentemente recebeu de São Paulo uma ligação do marido com a triste notícia de que estava demitido e voltaria para Guaribas.
Há nove meses afastado do município, Edmiro Pereira Dias trabalhava nas obras da Copa do Mundo de Futebol. Com o fim da obras, foi aproveitado em outras funções, mas logo dispensado. “Aqui não tem o que fazer, as pessoas vão embora”, explica a esposa, Macilene Sousa, que mesmo diante de uma encruzilhada da vida, não deixava de evidenciar um tímido sorrido no canto esquerdo da boca por conta da volta do marido. Um herói em Guaribas, que ousou ir para cidade grande lutar pela família. “Ele mandava dinheiro todo mês para gente”, lembra.
Há nove meses afastado do município, Edmiro Pereira Dias trabalhava nas obras da Copa do Mundo de Futebol. Com o fim da obras, foi aproveitado em outras funções, mas logo dispensado. “Aqui não tem o que fazer, as pessoas vão embora”, explica a esposa, Macilene Sousa, que mesmo diante de uma encruzilhada da vida, não deixava de evidenciar um tímido sorrido no canto esquerdo da boca por conta da volta do marido. Um herói em Guaribas, que ousou ir para cidade grande lutar pela família. “Ele mandava dinheiro todo mês para gente”, lembra.
OBRAS DO MINHA CASA MINHA VIDA ESTÃO ATRASADAS
O governo da presidente Dilma Rousseff (PT) está prometendo entregar 38 unidades habitacionais na região, através do “Minha Casa Minha Vida 2”. Inicialmente a obra era orçada em R$ 950 mil, mas atrasou por falta de pagamento. “Chega a ficar 90 dias sem que haja o repasse”, disse o empreiteiro responsável pela obra, que não quis se identificar.
O governo da presidente Dilma Rousseff (PT) está prometendo entregar 38 unidades habitacionais na região, através do “Minha Casa Minha Vida 2”. Inicialmente a obra era orçada em R$ 950 mil, mas atrasou por falta de pagamento. “Chega a ficar 90 dias sem que haja o repasse”, disse o empreiteiro responsável pela obra, que não quis se identificar.
Atrasos acabaram aumentando os custos da construção de casas do Minha Casa Minha Vida
Com os sucessivos atrasos, ao final, a obra vai custar mais de R$ 1.200.000,00. Iniciada em 17 de setembro de 2013, as 38 casas já deveriam estar prontas. Só que o agente financeiro da Caixa Econômica Federal (CEF), a “Família Paulista Crédito Imobiliário LTDA”, situada em Santos, não está fazendo os pagamentos a contento. A empresa responsável pela execução da obra é a Salamandra Construção e Planejamento. A junção de tudo isso é que simplesmente não há previsão para a entrega das casas.
O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, admitiu durante reunião ocorrida no mês de junho, com membros da Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados, em Brasília, que existiam problemas nos pagamentos após as medições das obras do Minha Casa Minha Vida, mas que estavam sendo solucionados e os pagamentos iriam se tornar mais eficientes e mais rápidos. “O período compreendido entre a medição e o pagamento da respectiva etapa da obra levará no máximo 15 dias a partir de agora”, chegou a anunciar. Mas essas promessas não fizeram o andamento das 38 casas transcorrerem com a agilidade necessária.
HOSPITAL PROMETIDO POR W. DIAS NUNCA FOI CONSTRUÍDO
Quando do lançamento do programa Fome Zero, 3 de fevereiro de 2003, muitas foram as promessas que viriam junto daquilo que morreria menos de dois anos depois para dar lugar ao Bolsa Família. Entre as promessas um hospital público de qualidade para que a população de Guaribas não precisasse mais se deslocar para tão longe em busca de um atendimento completo. O tempo passou e nunca que esse hospital se concretizou.
O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, admitiu durante reunião ocorrida no mês de junho, com membros da Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados, em Brasília, que existiam problemas nos pagamentos após as medições das obras do Minha Casa Minha Vida, mas que estavam sendo solucionados e os pagamentos iriam se tornar mais eficientes e mais rápidos. “O período compreendido entre a medição e o pagamento da respectiva etapa da obra levará no máximo 15 dias a partir de agora”, chegou a anunciar. Mas essas promessas não fizeram o andamento das 38 casas transcorrerem com a agilidade necessária.
HOSPITAL PROMETIDO POR W. DIAS NUNCA FOI CONSTRUÍDO
Quando do lançamento do programa Fome Zero, 3 de fevereiro de 2003, muitas foram as promessas que viriam junto daquilo que morreria menos de dois anos depois para dar lugar ao Bolsa Família. Entre as promessas um hospital público de qualidade para que a população de Guaribas não precisasse mais se deslocar para tão longe em busca de um atendimento completo. O tempo passou e nunca que esse hospital se concretizou.
Hospital de referência prometido resume-se a apenas uma Unidade Básica de Saúde, quase que abandonada
O que existe no município é a Unidade Básica ‘Avançada’ de Saúde João Augusto Dias. Tão avançada que funciona em horário que até uma ‘bodega’ supera. De 8h às 12h e de 14 às 17h. Os dias? De segunda às sextas-feiras. “Se a gente aqui for picado por uma cobra, antes de chegar em São Raimundo Nonato a gente morre”, disse a segunda senhora que aparece no programa eleitoral Wellington Dias preparado com esmero pela SA Propaganda, Maria Selma da Silva, que tem uma filha vereadora na cidade pelo PT, a Erica Silva.
Maria Selma, que foi entrevistada na propaganda, diz que falta de atendimento de saúde representa risco à população
CADÊ A CRECHE?
São essas maquiagens feitas pela mentalidade petista que fizeram o partido cair no descrédito. As pessoas se assustavam quando assistiam ao programa na cidade via celular, levado pela reportagem. As TV’s em Guaribas não transmitem a programação local de nenhuma TV do estado, consequentemente, não passa a propaganda eleitoral do Piauí.
São essas maquiagens feitas pela mentalidade petista que fizeram o partido cair no descrédito. As pessoas se assustavam quando assistiam ao programa na cidade via celular, levado pela reportagem. As TV’s em Guaribas não transmitem a programação local de nenhuma TV do estado, consequentemente, não passa a propaganda eleitoral do Piauí.
Mas as lambanças dos governos petistas não param por aí. Wellington Dias nunca explicou porque não conseguiu levar um posto policial de vergonha para o município, muito menos uma creche, que está lá abandonada e inacabada, ao léu. Outro desperdício do dinheiro público. A delegacia existente na cidade é vergonhosa. De tão vergonhosa é melhor mostrar as condições do banheiro do que mostrar a fachada e suas outras dependências.
Este é o retrato da estrutura de segurança pública de guaribas: um banheiro imundo
A creche sequer foi iniciada no governo de Wellington Dias, mas houve uma tentativa de fazer com que ela existisse em 2012, durante o governo Dilma Rousseff (PT), com recursos do governo federal, dez anos depois de prometida. E mais uma vez ainda não saiu do papel. “Aqui tem investimento do governo federal”, anuncia a placa que traz as cores da bandeira do Brasil. O valor de mais um elefante branco em Guaribas? R$ 1.311.999,68. A obra foi iniciada em 26 de novembro de 2012 e tinha como prazo de conclusão da obra 180 dias, ou seis meses. Mas completará dois anos sem que tenha sido concluída. O material da creche está se deteriorando.
Obra da creche foi iniciada.. e só. Nunca mais deram andamento nos trabalhos
CADÊ A PRODUÇÃO VIGOROSA DE MEL ANUNCIADA NA PROPAGANDA?
A Casa de Mel da Associação de Apicultores da Sede “João Bertoldo Alves” está fechada há anos. Também nunca foi para frente, como quer fazer crer o programa eleitoral de Wellington Dias exibida na TV. “Antes de Wellington, a cidade com o pior índice de desenvolvimento humano do Brasil. Hoje uma prova de que é possível sim construir um estado mais justo e melhor para todos. Como Wellington quer para nossa gente”, diz o início do programa eleitoral do petista. Como se vê uma falácia.
A Casa de Mel da Associação de Apicultores da Sede “João Bertoldo Alves” está fechada há anos. Também nunca foi para frente, como quer fazer crer o programa eleitoral de Wellington Dias exibida na TV. “Antes de Wellington, a cidade com o pior índice de desenvolvimento humano do Brasil. Hoje uma prova de que é possível sim construir um estado mais justo e melhor para todos. Como Wellington quer para nossa gente”, diz o início do programa eleitoral do petista. Como se vê uma falácia.
CADÊ O TELECENTRO?
Outro problema é o Telecentro. Ele simplesmente não existe mais. Está abandonado e o lugar onde deveria ter computadores, oferecer internet aos jovens de Guaribas, está ocupado com carteiras amontoadas sobre as outras. Na parede pelo lado externo a placa onde diz “Conecta Piauí – Aqui tem internet e cidadania”. Pelo menos assim era o esperado, mas há muito tempo não funciona. Na placa tem o slogan do então governador Wellington Dias: “Governo do Desenvolvimento”. Uma ironia.
O ELEITOR NÃO É BURRO...
O programa exibido pela SA Propaganda sobre Guaribas é algo que chega a afrontar a opinião pública. É feito de uma forma que faz pensar que o eleitor é burro. Informações apuradas pelo 180 revelam que quando da publicação da matéria sobre Cocal, onde Wellington Dias pediu voto a uma vítima da tragédia da Barragem de Algodões e revelou ter se reunido com as famílias sem que isso tivesse ocorrido, a agência que cuida da campanha do petista se preocupou com o conteúdo e destacou uma equipe de jornalistas para tentar contrapor a matéria. A ideia era tentar encontrar vítimas da tragédia que falasse a favor de Wellington Dias.
Outro problema é o Telecentro. Ele simplesmente não existe mais. Está abandonado e o lugar onde deveria ter computadores, oferecer internet aos jovens de Guaribas, está ocupado com carteiras amontoadas sobre as outras. Na parede pelo lado externo a placa onde diz “Conecta Piauí – Aqui tem internet e cidadania”. Pelo menos assim era o esperado, mas há muito tempo não funciona. Na placa tem o slogan do então governador Wellington Dias: “Governo do Desenvolvimento”. Uma ironia.
O ELEITOR NÃO É BURRO...
O programa exibido pela SA Propaganda sobre Guaribas é algo que chega a afrontar a opinião pública. É feito de uma forma que faz pensar que o eleitor é burro. Informações apuradas pelo 180 revelam que quando da publicação da matéria sobre Cocal, onde Wellington Dias pediu voto a uma vítima da tragédia da Barragem de Algodões e revelou ter se reunido com as famílias sem que isso tivesse ocorrido, a agência que cuida da campanha do petista se preocupou com o conteúdo e destacou uma equipe de jornalistas para tentar contrapor a matéria. A ideia era tentar encontrar vítimas da tragédia que falasse a favor de Wellington Dias.
Essas informações de bastidores revelam que a agência que está cuidando da campanha do candidato da oposição vem fazendo um trabalho primário. Ao levar ao ar o programa sobre Guaribas, se constatou que a coisa é pior do que se imaginava e está sendo feita para tentar enganar a opinião pública, para tentar ludibriar o eleitor, incapaz de se deslocar ao município para conferir in loco se o que foi dito é realmente verdade.
O risco de apresentar um trabalho da forma como foi apresentado e que vem sendo questionado desde esta terça-feira pelo 180 é de proporções enormes. Porque passa a ter resultado reverso do esperado, tanto para o candidato quanto para a agência de publicidade. Quem assiste ao programa eleitoral abomina mentiras, ainda mais quando o horário pago pelo contribuinte é de um candidato ao governo do estado, que já esteve à frente do Palácio de Karnak por quase 8 anos e que promete governador melhor. A SA simplesmente levou ao ar duas pessoas com ligações com o PT e achou que passaria a idéia de que Guaribas era as mil maravilhas sem ser questionada.
O risco de apresentar um trabalho da forma como foi apresentado e que vem sendo questionado desde esta terça-feira pelo 180 é de proporções enormes. Porque passa a ter resultado reverso do esperado, tanto para o candidato quanto para a agência de publicidade. Quem assiste ao programa eleitoral abomina mentiras, ainda mais quando o horário pago pelo contribuinte é de um candidato ao governo do estado, que já esteve à frente do Palácio de Karnak por quase 8 anos e que promete governador melhor. A SA simplesmente levou ao ar duas pessoas com ligações com o PT e achou que passaria a idéia de que Guaribas era as mil maravilhas sem ser questionada.
A PERCEPÇÃO DAS CONTRADIÇÕES É RÁPIDA
O discurso da zeladora Lídia Dias Alves é uma primazia de surreal. Transcrito, ele não possui muita consistência ao ser confrontado com a realidade. Diz ela: “A minha vida aqui antes do Programa Fome Zero era uma vida muito sofrida. A maior de todas era a falta de água, que foi a primeiro benefício que esse programa em Guaribas, que eu costumo dizer que não deu vida às pessoas, porque a vida vem através de Deus, mas renovou muitas vidas”.
“Para mim que fui conhecedora, que acompanhei todo o processo, o Programa Fome Zero não só é esse Cartão Bolsa Família. Ele veio acompanhado de muitas coisas importantes, porque no mandato do Wellington ele mandou as pessoas criarem abelha. Veio barraca, veio recurso para as pessoas começar...veio curso de doces e salgados, teve padaria. Todo incentivo esse Programa Fome Zero trouxe para Guaribas”. Ontem, na primeira reportagem sobre Guaribas, o 180 mostrou que a padaria faliu por falta de incentivo do governo. As barracas simplesmente não funcionam mais. E isso foi omitido do programa eleitoral.
Continua Lídia Dias Alves: “meus filhos tiveram a oportunidade de estudar, terminar o terceiro ano por aqui mesmo. No meu modo de pensar assim, o Wellington é uma pessoa tão importante para acidade de Guaribas. Ele sabe a realidade do povo. Ele não é um governante que quando chega aqui em Guaribas ele procura um lugar para ficar. Na hora que ele vê a primeira pessoa, aí nas ruas, ele já desse do carro e abraça como se ele tivesse vivendo aquilo todo momento, conhecendo um por um as pessoas nessa cidade. O candidato melhor é aquele que enxerga os pobres não só quando está querendo o voto do pobre... Ele é amado pelo povo, mas a gente sente que ele ama as pessoas também”, procura sustentar Lídia Dias, que tem um sobrinho integrante da executiva municipal do PT.
O discurso da comerciante Maria Selma da Silva também é frágil, o da segunda mulher a aparecer na propaganda eleitoral do petista que tratou sobre Guaribas. Não à toa os programas da SA Propaganda estão sendo chamados de ‘bê a bá’. “Antes a gente ia para fonte. Saía quatro horas da tarde, e voltava no outro dia umas quatro horas sem saber que vinha trazendo nem um balde d’água. E hoje depois do Wellington tem água nas torneiras para todo mundo”. A reportagem do 180 divulgada nesta quarta-feira (03) mostrou que não são todas as pessoas que moram em Guaribas que recebem água encanada. Nesse caso, o termo “para todo mundo” é facilmente contestado.
“Com R$ 36,00 do Programa Bolsa Família e uma doação de R$ 96,00 e uma barraca eu consegui mudar a minha vida. E hoje minhas filhas, graças a Deus, eu posso comprar um caderno para elas, caneta, lápis, borracha, tudo. Uma mochila que nós não conhecíamos antes e hoje elas já têm” afirma Selma. Indagada sobre como ela fez esse milagre da multiplicação, não soube responder. É a única na cidade que conseguiu multiplicar os frutos da barraca do governo. Mas pertence ao grupo que não conseguiu tocar a padaria por “falta de incentivo”, trabalha para o SESC – uma as poucas coisas que funciona na cidade – e tem uma filha vereadora pelo PT.
O programa é arrematado com a frase clichê “depois que eles ganham, eles têm que ajudar os pobres, porque o rico sem o pobre não é nada”. Mas analisando-se o cenário, Guaribas não teve cumprido o rosário de promessas feitas por Lula e Wellington Dias depois de eleitos e reeleitos.
MAS O QUE FOI MAIS PROMETIDO AOS POBRES DE GUARIBAS?
A idéia de transformar Guaribas em mito, quando oficializada, teve no palanque da única praça da cidade, nomes como o do ex-ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes; da Assistência e Promoção Social, Benedita da Silva; da Segurança Alimentar, José Graziano; e das cidades, Olívio Dutra. O ponta pé inicial foi 3 de fevereiro de 2003. Guaribas a partir daquele momento seria exemplo para o mundo. Só esqueceram um detalhe, companheiro. O mito que estava sendo parido foi criado por um governo que não deu sequência ao trabalho, necessário para fazer cumprir o prometido em um único município dos mais de 5 mil existentes no país, com uma população ínfima superior a 4 mil habitantes. E se não conseguiu em um desse porte...
As intenções eram boas. Até hotel anunciaram para Guaribas. Além do hotel e de três refeições ao dia a cidade teria médicos de qualidade, hospitais, farmácia popular, escolas de qualidade, saneamento básico para liquidar de vez os dejetos e fezes jogados ao mato, luz de qualidade, água para todos, telefone, calçamento, a estrada de areia e buracos que liga o município ao mundo seria asfaltada, haveria capacitação profissional, valorização do homem do campo, oferecimento de cursos de costura e artesanato.
E para arrematar seria instituída uma empresa, que depois se comprovou corrupta, a Emgerpi, para gerir as obras que deveriam existir na cidade. A Emgerpi fechou as portas no município antes mesmo de o segundo governo de Wellington Dias terminar. Manoel Gomes, dono do imóvel onde funcionava a Emgerpi, sofreu para receber o aluguel, e chegou a ameaçar não devolver a mobília do governo se os valores não fossem pagos. Os casebres que o então governador prometeu erradicar ainda existem. E a população ainda hoje cobra uma visita de Lula, que nunca deu as caras no município, mesmo prometendo visitá-lo e criar expectativa nos habitantes em duas ocasiões.
REFORÇO DA IMAGEM
A SA Propaganda, ainda na sei se percebeu, mas ao levar esses programas ao ar, fáceis de serem contestados, está, se não reforçando, mas criando a imagem de um político acostumado a não falar a verdade. Tudo bem que Wellington Dias tem consciência de que uma mentira várias vezes repetidas se torna verdade. Só que isso pode causar um efeito boomerang. O candidato já chegou a citar algumas vezes esse pensamento do então ministro da Propaganda de Adolf Hitler, Paul Joseph Goebbels..
O discurso da zeladora Lídia Dias Alves é uma primazia de surreal. Transcrito, ele não possui muita consistência ao ser confrontado com a realidade. Diz ela: “A minha vida aqui antes do Programa Fome Zero era uma vida muito sofrida. A maior de todas era a falta de água, que foi a primeiro benefício que esse programa em Guaribas, que eu costumo dizer que não deu vida às pessoas, porque a vida vem através de Deus, mas renovou muitas vidas”.
“Para mim que fui conhecedora, que acompanhei todo o processo, o Programa Fome Zero não só é esse Cartão Bolsa Família. Ele veio acompanhado de muitas coisas importantes, porque no mandato do Wellington ele mandou as pessoas criarem abelha. Veio barraca, veio recurso para as pessoas começar...veio curso de doces e salgados, teve padaria. Todo incentivo esse Programa Fome Zero trouxe para Guaribas”. Ontem, na primeira reportagem sobre Guaribas, o 180 mostrou que a padaria faliu por falta de incentivo do governo. As barracas simplesmente não funcionam mais. E isso foi omitido do programa eleitoral.
Continua Lídia Dias Alves: “meus filhos tiveram a oportunidade de estudar, terminar o terceiro ano por aqui mesmo. No meu modo de pensar assim, o Wellington é uma pessoa tão importante para acidade de Guaribas. Ele sabe a realidade do povo. Ele não é um governante que quando chega aqui em Guaribas ele procura um lugar para ficar. Na hora que ele vê a primeira pessoa, aí nas ruas, ele já desse do carro e abraça como se ele tivesse vivendo aquilo todo momento, conhecendo um por um as pessoas nessa cidade. O candidato melhor é aquele que enxerga os pobres não só quando está querendo o voto do pobre... Ele é amado pelo povo, mas a gente sente que ele ama as pessoas também”, procura sustentar Lídia Dias, que tem um sobrinho integrante da executiva municipal do PT.
O discurso da comerciante Maria Selma da Silva também é frágil, o da segunda mulher a aparecer na propaganda eleitoral do petista que tratou sobre Guaribas. Não à toa os programas da SA Propaganda estão sendo chamados de ‘bê a bá’. “Antes a gente ia para fonte. Saía quatro horas da tarde, e voltava no outro dia umas quatro horas sem saber que vinha trazendo nem um balde d’água. E hoje depois do Wellington tem água nas torneiras para todo mundo”. A reportagem do 180 divulgada nesta quarta-feira (03) mostrou que não são todas as pessoas que moram em Guaribas que recebem água encanada. Nesse caso, o termo “para todo mundo” é facilmente contestado.
“Com R$ 36,00 do Programa Bolsa Família e uma doação de R$ 96,00 e uma barraca eu consegui mudar a minha vida. E hoje minhas filhas, graças a Deus, eu posso comprar um caderno para elas, caneta, lápis, borracha, tudo. Uma mochila que nós não conhecíamos antes e hoje elas já têm” afirma Selma. Indagada sobre como ela fez esse milagre da multiplicação, não soube responder. É a única na cidade que conseguiu multiplicar os frutos da barraca do governo. Mas pertence ao grupo que não conseguiu tocar a padaria por “falta de incentivo”, trabalha para o SESC – uma as poucas coisas que funciona na cidade – e tem uma filha vereadora pelo PT.
O programa é arrematado com a frase clichê “depois que eles ganham, eles têm que ajudar os pobres, porque o rico sem o pobre não é nada”. Mas analisando-se o cenário, Guaribas não teve cumprido o rosário de promessas feitas por Lula e Wellington Dias depois de eleitos e reeleitos.
MAS O QUE FOI MAIS PROMETIDO AOS POBRES DE GUARIBAS?
A idéia de transformar Guaribas em mito, quando oficializada, teve no palanque da única praça da cidade, nomes como o do ex-ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes; da Assistência e Promoção Social, Benedita da Silva; da Segurança Alimentar, José Graziano; e das cidades, Olívio Dutra. O ponta pé inicial foi 3 de fevereiro de 2003. Guaribas a partir daquele momento seria exemplo para o mundo. Só esqueceram um detalhe, companheiro. O mito que estava sendo parido foi criado por um governo que não deu sequência ao trabalho, necessário para fazer cumprir o prometido em um único município dos mais de 5 mil existentes no país, com uma população ínfima superior a 4 mil habitantes. E se não conseguiu em um desse porte...
As intenções eram boas. Até hotel anunciaram para Guaribas. Além do hotel e de três refeições ao dia a cidade teria médicos de qualidade, hospitais, farmácia popular, escolas de qualidade, saneamento básico para liquidar de vez os dejetos e fezes jogados ao mato, luz de qualidade, água para todos, telefone, calçamento, a estrada de areia e buracos que liga o município ao mundo seria asfaltada, haveria capacitação profissional, valorização do homem do campo, oferecimento de cursos de costura e artesanato.
E para arrematar seria instituída uma empresa, que depois se comprovou corrupta, a Emgerpi, para gerir as obras que deveriam existir na cidade. A Emgerpi fechou as portas no município antes mesmo de o segundo governo de Wellington Dias terminar. Manoel Gomes, dono do imóvel onde funcionava a Emgerpi, sofreu para receber o aluguel, e chegou a ameaçar não devolver a mobília do governo se os valores não fossem pagos. Os casebres que o então governador prometeu erradicar ainda existem. E a população ainda hoje cobra uma visita de Lula, que nunca deu as caras no município, mesmo prometendo visitá-lo e criar expectativa nos habitantes em duas ocasiões.
REFORÇO DA IMAGEM
A SA Propaganda, ainda na sei se percebeu, mas ao levar esses programas ao ar, fáceis de serem contestados, está, se não reforçando, mas criando a imagem de um político acostumado a não falar a verdade. Tudo bem que Wellington Dias tem consciência de que uma mentira várias vezes repetidas se torna verdade. Só que isso pode causar um efeito boomerang. O candidato já chegou a citar algumas vezes esse pensamento do então ministro da Propaganda de Adolf Hitler, Paul Joseph Goebbels..
A última vez foi justamente para ser referir à tragédia da Barragem de Algodões, em Cocal, durante sabatina na TV Antena 10. Injuriado e sob acusações de que tem responsabilidade sobre o que ocorreu, se saiu com a frase clássica: “uma mentira várias vezes repetida se torna verdade”. O problema é que na ocasião, para demonstrar que não era mal visto pelas famílias vítimas da tragédia, ele falou ter conversado com elas e passou a idéia de que estava tudo bem. O 180 foi ao município e comprovou que não era verdade.
fonte 180graus.com
Repórter: Rômulo Rocha