Taxa de homicídio de negros é quatro vezes maior que do resto da população
A taxa de homicídios de negros é quatro vezes maior que do resto da população no Piauí. Os dados são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e fazem parte do Atlas da Violência 2016. Enquanto o Estado diminuiu em 26,4% a taxa de homicídios contra cidadãos não negros (brancos, indígenas e indivíduos de cor/raça amarela, de acordo com a classificação do IBGE), a taxa de homicídios contra negros chegou aos 107% na década de 2004 a 2014.
Os dados foram produzidos pelo Ipea em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e mostram que em 2014 a taxa era de 5,1 homicídios a cada 100 mil habitantes não negros no Piauí, ao passo que a taxa de homicídios de habitantes negros era 24,2 a cada 100 mil habitantes.
O Atlas verifica que um indivíduo afrodescendente possui probabilidade significativamente maior de sofrer homicídio no Brasil, quando comparado a outros indivíduos. Segundo a pesquisa, aos 21 anos de idade, há o pico das chances de uma pessoa sofrer homicídio no Brasil, pretos e pardos possuem 147% a mais de chances de ser vitimados por homicídios, em relação a indivíduos brancos, amarelos e indígenas.
No período analisado, houve um crescimento nacional na taxa de homicídio de afrodescendentes (+18,2%), ao passo que houve uma diminuição na vitimização de outros indivíduos, que não de cor preta ou parda (-14,6%). Com esse movimento, considerando-se proporcionalmente as subpopulações segundo sua raça-cor, em 2014, para cada não negro que sofreu homicídio, 2,4 indivíduos negros foram mortos.
Apesar do Piauí hoje ocupar a terceira menor taxa de homicídios do Brasil, na década analisada esta taxa aumentou em 93,7% como aponta o Ipea. Boa parte disso nos últimos quatro anos analisados. Entre os dados levantados pelo instituto também foram citados que o Estado tem a terceira macrorregião mais pacífica do Brasil que é a região do Médio Parnaíba Piauiense.
Feminicídios
O número de assassinato de mulheres aumentou 142% no Piauí, segundo o levantamento. De acordo com a pesquisa, em 2004, 26 mulheres foram mortas no Estado, e em 2014 este número subiu para 63. Com o número, o Piauí sobe para o quinto lugar do Brasil na quantidade de feminicídios registrados.
Todas as análises apresentadas foram baseadas, principalmente, nos dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, que traz informações sobre incidentes até ano de 2014. Complementarmente, em alguns tópicos, foram cruzadas as informações do SIM com outras provenientes dos registros policiais e que foram publicadas no 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do FBSP.
