Guerra dos coletivos. A quem interessa deixar Timon e Teresina sem ônibus do Século XXI?
Ninguém em sã consciência é contra o fim do monopólio no sistema de transporte coletivo entre Teresina e Timon. Por que não deixam a Timon City circular?
Por: Orlando Berti*
As cidades de Teresina e Timon são unidas por três pontes e por uma história centenária de parceria, irmandade e congraçamento. Diariamente dezenas de milhares de timonenses e teresinenses deslocam-se de um lado ao outro passando sobre o rio Parnaíba (que une o Maranhão ao Piauí). Uma parte desse fluxo é feito via transporte coletivo.
Faz quase meio século que esse transporte rodoviário interestadual, mas de caráter coletivo urbano, é feito pela empresa Dois Irmãos. Sem dúvidas: uma companhia que gera empregos e impostos.
Este ano somou-se a esse serviço, quebrando o monopólio da Dois Irmãos, a empresa Timon City. Assim como a primeira: gera empregos (mais ainda) e ajuda, substancialmente, a integração Teresina-Timon, Timon-Teresina. A nova empresa trouxe um conceito de transporte do Século XXI, tão comum na Europa, mas uma grande novidade para a Grande Teresina, acostumada com mais da metade da frota de coletivos quase caindo aos pedaços.
A convivência entre as duas empresas poderia ser pacífica já que há demanda para mais de uma empresa fazendo o transporte coletivo entre a capital piauiense e a terceira maior cidade do Maranhão. A convivência das duas beneficiaria mais pessoas, tornaria a vida dos usuários um pouco menos complicada, passaria-se menos tempo nas paradas de ônibus, muitas delas com sérios riscos de assaltos.
Não há um pé de cristão em sã consciência que é contra a nova empresa.
Mas a briga está pesada.
De um lado a tradicional Dois Irmãos, que tem uma frota um pouco antiga e que se resguarda em fazer parte do SETUT – Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina. Do outro lado a desconhecida Timon City, que trouxe como diferencial: uma frota 100% zero quilômetro e com mimos de ar-condicionado e wi-fi. Os ônibus da empresa nova ainda estão preparados para os planos-diretores de mobilidade urbana de Teresina e Timon. Novamente pensa-se no Século XXI, da livre-concorrência e da escolha do consumidor e não da imposição.
Mas a Timon City está proibida de circular. Um arranca-rabo jurídico entre as duas empresas têm garantido o monopólio da histórica empresa e não deixa os ônibus coletivos da nova empresa circularem.
Por que a Dois Irmãos, que tem mais história, tem mais anos de praça, de conhecimento de linhas, de logística não faz o mesmo que a Timon City e disputa na qualidade do serviço melhorias? Por que impedir a concorrência? Por que não botar novos e modernos ônibus?
Com a palavra os jovens prefeitos Firmino Filho (PSDB), de Teresina, e Luciano Leitoa (PSB), de Timon. Dois administradores municipais que foram eleitos com a proposta de modernizar o trânsito nas duas cidades. Pois, pela população teresinense e, principalmente, timonense, a Timon City veio, e foi para ficar. Não queremos acreditar que os dois, candidatos à reeleição daqui uns meses, deixarão a população à mercê do monopólio da Dois Irmãos.