quarta-feira, 20 de agosto de 2014

grupo meio norte Dívida de R$ 900 milhões havia sido parcelada em centenas de anos


Dívida de R$ 900 milhões havia sido parcelada em centenas de anos

Grupo empresarial forjava falência para pagar débitos em parcelas de até R$ 200.

A fraude descoberta pelo Ministério Público Federal, Polícia Federal e Receita Federal, divulgada hoje com a deflagração da Operação Sorte Grande, consistia no enriquecimento ilícito propiciado pelo acúmulo de dívidas juntos à Receita Federal e o parcelamento dos débitos em mensalidades de aproximadamente R$ 100 e R$ 200.
Fotos: Jailson Soares/ODIA

Delegado da Polícia Federal, Carlos Alberto e Tarcísio Abreu, e Seperintendente da Receita Federal, Marcellus Alves
Segundo o delegado Regional de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, Carlos Alberto, o valor de quase R$ 900 milhões, sonegado por um dos maiores grupos empresariais do Piauí que atuava na área de comunicação, concessionárias e empreendimentos imobiliários, havia sido parcelado em centenas de anos.

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A Polícia Federal descobriu que a fraude se dava quando uma das empresas do grupo deixava de pagar os impostos e, ao ser cobrada, forjava a falência do empreendimento. Segundo o superintendente da Receita Federal, Marcellus Alves, antes de ter os débitos lançados, a empresa começava a transferir os bens para outra “laranja”, fazendo o esvaziamento patrimonial daquela que estava devendo à Receita. "Assim, eles conseguiam a autorização legal para pagar a parcela mínima”, disse o superintendente.
A transferência de bens era feita para algumas pessoas "laranjas" ou empresas estrangeiras, situadas no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. O recurso sonegado, após percorrer um ciclo, retornava para o principal beneficiário e suposto mentor da fraude.
Ao todo, 13 pessoas foram obrigadas a prestar depoimento nas sedes da Polícia Federal, sendo 11 em Teresina e 2 em São Paulo. “Foram conduzidas pessoas do primeiro e segundo escalão, os “laranjas” e os titulares de fato das empresas”, disse o delegado Carlos Alberto. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em 14 estabelecimentos comerciais e residências de Teresina, Timon e São Paulo.
Na operação, a polícia apreendeu notas estrangeiras, notas em real e duas armas de fogo, que serão analisadas quanto ao registro legal. O delegado Carlos Alberto se negou a divulgar o valor apreendido em dinheiro, mas admitiu que a PF estipulou um limite. A apreensão só ocorreu porque o valor encontrado foi acima desse corte estabelecido. Ninguém foi preso, pois os órgãos envolvidos na Operação Sorte Grande entenderam que era mais eficaz o recolhimento de material e a oitiva simultânea dos investigados.
Segundo Marcellus Alves, a Receita Federal agora vai operar todas as medidas para bloquear os bens que estão relacionados ao grupo empresarial, no sentido de garantir o ressarcimento ao erário público. “Vamos promover também novos lançamentos para garantir os créditos em relação às novas empresas que foram constituídas recentemente com o fim de acobertar o verdadeiro beneficiário da fraude”, disse o superintendente.
Ao todo, o grupo possui mais de 50 empresas. Recentemente, em apenas duas delas a Receita Federal descobriu que foram omitidos valores na ordem de R$ 25 milhões. Os crimes investigados são de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e falsidade ideológica.
fonte portal o dia