Enem deve inscrever 200 detentos do Piauí este ano, diz Sejus
As provas estão previstas para acontecer durante nos dias 01 e 02 de dezembro.
Cerca de 200 internos do sistema penitenciário do Piauí serão inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste ano. As inscrições tiveram início na última quinta-feira (01). As provas estão previstas para acontecer durante nos dias 01 e 02 de dezembro nas respectivas unidades em que os reeducandos foram inscritos.
O Enem nas penitenciárias seguirá os mesmos moldes do aplicado em todo país nos dias 24 e 25 de outubro. No primeiro dia de Exame para os internos, eles terão 4 horas e 30 minutos para responder às provas referentes às disciplinas de ciências humanas e naturais. No segundo dia, terão 5 horas e 30 minutos para responder às provas de línguas estrangeiras, matemática e redação.
Raimundo Carvalho (lendo o livro) vai fazer Enem para o curso de Direito
Raimundo Carvalho é um dos internos que vai fazer o Enem. Há quase dez anos preso, Raimundo relata que só descobriu a verdade sobre a vida dentro do sistema penitenciário, quando começou a participar do projeto “Leitura Livre”, desenvolvido pela Secretaria de Justiça do Estado que busca promover a ressocialização através da leitura dentro dos presídios. “Entrei aqui com ensino médio completo, mas só pensava besteira e nunca usei meu tempo de forma produtiva para mim. Depois que comecei a participar do projeto, foi como se eu tivesse redescoberto o que eu havia enterrado: minha inteligência e a vontade de aprender”, conta Raimundo, que vai fazer vestibular para o curso de Direito.
A coordenadora de Ensino da Secretaria de Justiça, Jussyara Valente, destaca que cinco reeducandos do sistema penitenciário já estão em cursos superiores - Bacharelado em Direito, Ciências da Computação e Administração. De acordo com ela, o Enem proporciona não apenas a oportunidade de ingresso à universidade, mas também o certificado de conclusão do ensino médio para aqueles que ainda não possuem.
Alunos da Penitenciária Irmão Guido
“Estamos dando oportunidades para aqueles que querem estudar dentro das unidades penais. Acreditamos que só a educação pode mudar a vida dessas pessoas. Através dela, eles terão mais oportunidades no mercado de trabalho e, quando saírem do sistema, se tornarão pessoas com percepção ampliada, maior nível cultural e consciência de si e do mundo”, pontua Jussyara.
No caso específico dos reeducandos aprovados em curso superiores, seu ingresso à universidade vai depender do regime que ele estiver cumprindo, com algumas exceções onde o juiz determina escolta para reeducando em regime fechado até a porta da sala de aula. Nos demais casos, assim que o reeducando progredir a pena de regime fechado para regime semiaberto ou aberto e analisada questões de comportamento entre outras, ele poderá frequentar a universidade, mas deverá voltar para a penitenciária onde cumpri sua pena até o término.