A Procuradoria-Geral da República acusa o advogado piauiense de ter nomeado funcionários fantasmas no governo do Rio para desviar recursos públicos.
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, se tornou alvo de um pedido de inquérito feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para apurar suspeitas de que o advogado piauiense Valter Alencar, que ocupa o cargo de assessor especial do governo do Rio, teria nomeado funcionários fantasmas para desviar recursos públicos.
O pedido de investigação foi enviado à corte especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) na semana passada pela subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo, responsável pelos inquéritos de governadores, e vai tramitar sob sigilo. Os crimes sob investigação tratam-se de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
- Foto: ViagoraValter Alencar.
Valter Alencar foi candidato ao governo do Piauí em 2018 pelo mesmo partido de Witzel - o PSC, e, no início de 2019, foi nomeado como assessor especial do governador do Rio. O pedido de inquérito aponta que sete funcionários contratados pelo governo fluminense seriam parentes ou teriam algum tipo de ligação com Valter Alencar e com o PSC. Dentre eles estão um filho de Alencar e sobrinhos dele. A investigação aponta indícios de que eles teriam mantido suas atividades no Piauí, como empregos remunerados, o que reforçaria a suspeita de que seriam funcionários fantasmas.
Conforme publicações no Diário Oficial do Estado, a nomeação de Valter Alencar como assessor especial foi assinada pelo próprio Witzel, porém, as demais nomeações, dos funcionários supostamente ligados a Alencar, foram feitas por secretários do seu governo. O pedido de abertura de inquérito não aponta atos específicos de Witzel em favorecimento ao advogado.
“Os funcionários nomeados possuem claros vínculos com Valter Ferreira de Alencar Pires Rebelo, que, por seu turno, possui vínculos estreitos com Wilson Witzel. [...] Essas informações preliminares dão suporte, com larga margem de folga, a instauração de inquérito para que se possa aprofundar na apuração dos fatos, haja vista a presença de indícios consistentes de supostos crimes de peculato, a partir da nomeação de servidores fantasmas e, eventualmente, organização criminosa e lavagem de dinheiro”, citou a PGR.
Valter Alencar atuou na equipe de transição de Witzel e passou por diversas funções na gestão estadual desde janeiro do ano passado, com salários líquidos que variaram entre R$ 11,2 mil e R$ 14,8 mil. Em 25 de março, Alencar foi nomeado para o cargo de assessor especial do governo.
A suspeita contra ele surgiu por meio de um relatório feito pelo Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI) e remetido para a PGR. O TCE-PI detectou que um funcionário com vínculos com o governo piauiense foi nomeado para exercer cargo na gestão de Witzel. Em seguida, o relatório do TCE apontou indícios de que outros indicados para a gestão estadual do Rio teriam mantido vínculos com o Piauí, como contratos de trabalho em empresas locais e endereços residenciais no estado. Todos teriam ligação com Valter Alencar.