Policiais têm ligação com sequestro e assalto à agência do BB no Piauí
Pelo modus operandi em que o sequestro e o assalto foram realizados, o envolvimento de policiais no crime é dado como certo pela tropa de elite
Coronel Raimundo Sousa afirmou com veemência que terceiros estão envolvidos nos crimes (Foto: reprodução TV Meio Norte)
“Não tenho a menor dúvida do envolvimento de alguém da polícia nesse crime”. Foi assim que o comandante da RONE – Rondas Ostensivas de Natureza Especial – da Polícia Militar do Piauí, tenente-coronel Raimundo Sousa, comentou sobre a caçada aos bandidos que roubaram nesta segunda o Banco do Brasil da cidade de Altos (a 42 quilômetros de Teresina).
Antes do crime contra o banco quase dez bandidos sequestraram na tarde deste domingo (08 de março) a família do gerente da agência, Elimar Lopes, na zona Leste de Teresina.
Com a família em cativeiro por quase 24 horas, e ameaçada de execução, os bandidos obrigaram o gerente a ir a agência e ajudar na ação criminosa. O roubo ocorreu durante a abertura do banco, no meio da manhã desta segunda (09 de março). O montante levado é de mais de R$ 1.000.000,00.
O tenente-coronel Raimundo Sousa, líder do batalhão de elite da PM do Piauí e responsável pelo comando da caçada aos bandidos responsáveis pelos dois crimes, disse não ter a menor dúvida do envolvimento de pessoas da polícia nos atos criminosos. A opinião é reforçada pelo modus operandi empregado no crime.
“Isso é coisa de policial, a maneira como tudo foi realizado, as roupas, as abordagens, as palavras e até as formas de apagar vestígios”, revelou com exclusividade à reportagem de O Olho o comandante da RONE.
As informações das ações meticulosas e com técnicas policiais foram reforçadas pela família do gerente em depoimento ao GRECO – Grupo de Repressão ao Crime Organizado – da Polícia Civil do Piauí.
Com a esposa, os dois filhos menores de idade, e a empregada doméstica da família em cativeiro (no povoado Taboca do Pau Ferrado, zona rural Leste de Teresina), uma parte dos bandidos (em número ainda não informado, mas chegando à quase dez) foi até a agência do Banco do Brasil de Altos (a mais movimentada da cidade), levando todo o montante do cofre.
Horas depois a família, que estava em cativeiro a aproximadamente 25 quilômetros da agência bancária, foi libertada e os bandidos fugiram em direção ao Norte do Piauí.
A família do gerente foi feita refém neste domingo (08) após ter sido capturada em casa, na rua Alaíde Marques, bairro Planalto Ininga (zona Leste de Teresina). Os reféns foram mantidos em uma barraca de camping e até a forma como foram vigiados e tratados chama atenção para o envolvimento direto de pessoas ligadas à polícia, podendo ser alguém da ativa, aposentado ou ex-policial.
“Só não posso dizer que é um policial militar ou um policial civil. Mas tudo tem muito de técnicas policiais. O GRECO poderá dar mais detalhes e fará uma série de investigações sobre o caso. Estamos atrás da quadrilha”, relatou o comandante da PM de elite do Piauí.
Até o final da tarde desta segunda-feira os delegados da GRECO ainda não tinham se manifestado sobre a possibilidade de policiais no envolvimento desse crime.
Apesar do Banco do Brasil não divulgar o assalto pode ter rendido até R$ 1.500.000,00, visto a movimentação financeira de início de mês (com pagamento de funcionários públicos, aposentados e pensionistas).