O funcionário da gráfica responsável pela impressão das provas do concurso público da Polícia Militar, realizado em 2014, revelou à Polícia que cedeu as provas para candidatos devido à amizade que tinha com um dos suspeitos de fraudar o certame. Em depoimento à equipe da Delegacia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (DECCOR-LD), o funcionário negou ter recebido dinheiro para furtar a prova e entregar a uma terceira pessoa.
Os presos foram identificados como sendo Gitã Duarte Ferro (preso em São Luís), Antônio Francisco Mendes da Silva, Fernando Coutinho dos Santos, Danilo Barros e Silva, Braulio Siqueira Cândido de Sousa (lotado em Simões), Gezza Duarte Ferro, irmã de Gitã; Francisco de Assis Gonçalves da Silva (lotado em Simões); e Antônio Yuri Rodrigues da Cruz.
Ação da Polícia Civil seguiu recomendação da Secretaria de Segurança e prendeu policias militares - Foto: Elias Fontinele/O Dia
Segundo o delegado-geral Lucy Keiko, todos os presos possuíam vínculo e eram moradores da zona Sudeste. "Eles fizeram a prova e tiveram, praticamente, os mesmos acertos e erros, tendo uma pontuação de 69 pontos. Nas questões que erraram, marcaram a mesma alternativa, e isso, pela probabilidade, é muito difícil de acontecer, o que mostra uma prova bem consistente da autoria desse crime", afirma.
O delegado destacou ainda que um dos suspeitos, identificado como Gitã Duarte Ferro, teve o celular apreendido pela Polícia em 2017. No aparelho, os agentes encontraram um grupo de mensagens em que os suspeitos mencionavam a investigação sobre a fraude no concurso. "No celular havia indícios dessa fraude. Lá havia um grupo intitulado "Pelotão Greco", em que eles diziam que sabiam que estavam sendo investigados por essa fraude", afirma o delegado.
A investigação realizada pela Deccor conseguiu apurar ainda que, mesmo negando terem qualquer proximidade, os suspeitos faziam postagens nas redes sociais que comprovavam o vínculo que possuíam, ao publicar fotos em que o grupo aparecia reunido em determinados ambientes. “Eles eram amigos e no inquérito a gente consegue perceber que são vizinhos, moram na mesma região”, diz a delegada Tatiana Trigueiro.
O secretário Fábio Abreu deu detalhes da ação - Foto: Elias Fontinele/O Dia
A partir de agora, a Polícia Civil procederá com a conclusão do inquérito e o indiciamento dos envolvidos. Presos, eles já foram retirados de trabalho ostensivo e deverão ser expulsos das fileiras da Polícia Militar. A informação é do coronel Costa Lima, corregedor da PM. “Vamos instaurar o processo administrativo, procurando as provas e excluí-los. Claro que a investigação ainda está em andamento, mas vamos fazer isso de posse de todas as provas”, explica.
Para o representante da PM, a conduta dos envolvidos não repercute muito bem para a Corporação da qual eles fazem parte, mas o corregedor reitera que foram ilícitos praticados antes de eles comporem os quadros militares. “É o tipo de coisa que nós reprovamos e que vamos aplicar as medidas cabíveis”, finaliza.