Veneno estava no arroz que a família comeu e que foi requentado da noite de Ano Novo para o almoço.
Durante a coletiva de imprensa para dar detalhes sobre o envenenamento de uma família inteira em Parnaíba, a Polícia Civil apresentou a cronologia dos fatos traçada a partir dos depoimentos que foram colhidos e das provas apreendidas. Ao menos 13 oitivas foram feitas para balizar o inquérito, que deve ser remetido à justiça em 30 dias. Uma pessoa está presa suspeita do crime. Trata-se do padrasto de uma das vítimas, Francisco de Assis Pereira.
Confira abaixo a cronologia dos fatos que levaram ao envenenamento de nove pessoas em Parnaíba:
No dia anterior ao ocorrido, em 30 de dezembro, a família de Francisca Maria Silva recebeu doação de alimentos de um casal que costuma fazer ações filantrópicas no bairro onde eles moravam. O casal doou 30 Kg de manjubas entregues pela associação de pescadores da região.
Na noite de réveillon, 31 de dezembro, a família jantou arroz, feijão e farinha. A comida não foi toda consumida e as sobras ficaram sobre o fogão, nas panelas em que foram preparadas.
Todos os membros da família foram se deitar por volta da meia-noite. No entanto, Francisco de Assis permaneceu acordado e disse que se recolheria depois. Foi ele quem trancou a casa antes de ir dormir, por volta das 4h da madrugada do dia 01 de janeiro. A polícia acredita que o arroz tenha sido envenenado por volta deste horário.
No almoço do dia 01, a família comeu a mesma comida do jantar do Ano Novo. A comida foi requentada por uma das irmãs de Francisca. Segundo a polícia, Francisco insistiu para que ela esquentasse o mesmo arroz da noite anterior e não preparasse um novo. Ela atendeu ao pedido e transferiu o alimento para outra panela com um pouco mais de água.
As crianças Maria Gabriela, Lauane e Igno Davi foram os primeiros a comer a comida junto com Manoel Leandro, seu tio. Os quatro apresentaram os sintomas de envenenamento cerca de meia hora depois e de forma mais grave do que os demais. A polícia acredita que ao ferver o arroz, o veneno subiu e se acumulou nas primeiras camadas do alimento na panela, sendo consumido em mais quantidade por quem se serviu primeiro.
Francisco de Assis foi o último a se servir. “Ele se serviu de uma pouca quantidade e, segundo os familiares, comeu sem vontade, andando pela casa e deixando muita comida no prato”, relata o delegado Abimael.
Por volta de 12h, a família começou a apresentar os primeiros sintomas. Manoel Leandro faleceu antes mesmo do SAMU chegar. Os demais familiares foram conduzidos pela ambulância para o Hospital Estadual Dirceu Arcoverde. A polícia diz que somente Francisco apresentava lucidez e estado físico aparentemente normais para prestar esclarecimentos. “Por volta de 16h40, dentro da viatura que o levaria para a delegacia, ele começou a passar mal e os policiais alteraram o trajeto e o levaram para o hospital”, explicou o delegado.
O fato de Francisco ter apresentado sintomas de envenenamento só 4h30 depois dos demais levantou suspeitas. Os sinais de envenenamento por terbufós costumam aparecer de 30 minutos a uma hora depois da ingestão.
Foram internados:
- Lauane Fontenele, 3 anos; Maria Gabriela e Igno Davi, 1 ano e meio. Os três são filhos de Francisca Maria.
- Francisca Maria, Lívia Maria, Maria Jocilene e Manoel Leandro (enteados de Francisco). Francisca é mãe das crianças envenenadas e de João Miguel e Ulisses, envenenados em 2024.
- Jhonatas Albert Pereira da Silva, filho de Maria Jocilene.
Faleceram: Davi, Lauane, Francisca, Manoel.
Relação com o envenenamento de João Miguel e Ulisses
A polícia foi questionada sobre a relação entre os envenenamentos ocorridos este ano e a morte dos pequeno João Miguel e Ulisses, também por envenenamento, em agosto do ano passado. Todas as vítimas são parentes e a forma como tudo ocorreu é semelhante. No entanto a polícia não trabalha com uma possível relação entre os casos. Uma vizinha acusada de ter dado aos meninos cajus envenenados continua presa. O caso está com o Poder Judiciário. Ela foi indiciada por dois homicídios.
“Foi feita uma investigação, um inquérito, as provas estão nos autos e o processo está com o Judiciário, o Ministério Público e a defesa. Vai ter o julgamento de instrução. O nosso foco é esta investigação de agora. Se houver alguma coisa relacionada, a polícia vai esclarecer. Mas neste momento, o outro caso foi finalizado”, explica o delegado Abimael Silva.
fonte portalodia.com