segunda-feira, 18 de novembro de 2013

TRÂNSITO Tenha cuidado redobrado ao entrar em veículos expostos ao sol por longo período

TRÂNSITO

Tenha cuidado redobrado ao entrar em veículos expostos ao sol por longo período

A atenção deve ser ainda maior com crianças, idosos e gestantes, principalmente, em carros novos.

Tenha cuidado redobrado ao entrar em veículos expostos ao sol por longo período

Voltar para o carro depois de deixá-lo em estacionamento descoberto por longo período pode trazer sérios riscos para a saúde. A temperatura no interior do veículo pode chegar a 50º C dependendo da região e da estação do ano. O verão, portanto, que se aproxima, pede maiores cuidados do motorista e de passageiros ao retornarem para o carro, principalmente, se ele for novo.

Na fabricação de um carro, são utilizados diversos materiais, a maioria oriunda do petróleo. Com o calor, diversos gases são liberados e podem fazer mal à saúde. Numa montadora, os trabalhadores utilizam máscaras e outros equipamentos de proteção para que não sejam afetados, o que não acontece no dia a dia com condutores e acompanhantes.

Entre os vapores que surgem com o superaquecimento dos carros sem ventilação estão o benzeno, o tolueno, a acetona. Tóxicos, eles podem causar desde irritação na pele, lesões na mucosa, conjuntivite química a alterações no sistema nervoso central, perda da audição, má formação fetal, entre outros males. No caso de carros novos até aproximadamente seis meses de uso, essa concentração é ainda maior.

Apesar dos riscos, nada disso é informado nos manuais dos veículos. Segundo o diretor do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Dirceu Rodrigues Alves Junior, é imprescindível que as pessoas tenham conhecimento e procurem alternativas de diminuir os malefícios ao organismo. “Esses gases são extremamente nocivos à saúde e chegam até a reduzir a concentração do indivíduo na atividade que ele está desenvolvendo”, afirma.

O diretor recomenda alguns cuidados. Antes de entrar no veículo, abra as portas e janelas e deixe ventilar por cerca de cinco minutos. Depois desse intervalo, grande parte dos gases se dissipa. Ao entrar no veículo, continue com as janelas abertas por mais 15 minutos. Se desejar ligar o ar condicionado, permaneça com os vidros abaixados pelo mesmo prazo. Passados os 15 minutos, as janelas poderão ser fechadas sem oferecer maiores riscos.

Além disso, Dirceu Alves sugere que os proprietários deem preferência a estacionamentos cobertos ou utilizem proteção de para-brisa. Esse protetor, normalmente espelhado, reflete a luz solar e impede que o carro absorva tanto calor. Ele acrescenta que uma garrafinha de água é sempre bem-vinda para evitar que condutores e passageiros se desidratem com o calor interno dos veículos e sofram menos consequências. “São problemas que passam despercebidos. Poderão acontecer náuseas, tonteiras, vômitos, e ninguém vai relacionar aos vapores dentro do veículo. É um perigo. É preciso alertar a população quanto a isso”, ressalta.

Os cuidados deverão ser ainda maiores com crianças, idosos e gestantes. As crianças recém-nascidas, por exemplo, podem sofrer alterações graves no sistema nervoso central em função de sua própria formação e fragilidade. Os idosos, que normalmente já têm um comprometimento das vias respiratórias, podem sofrer ainda mais com os efeitos tóxicos liberados pelos gases. E com as gestantes, como mencionado, pode ocorrer, em médio prazo, má formação do feto.

“Aquilo que nos dá vida pode trazer danos graves à saúde. O sol é excelente, mas ele é capaz de produzir alguns males”, esclarece o diretor. Outros problemas que o calor dentro do veículo pode ocasionar são cefaleia (dor de cabeça), câimbras, rinites, febre, sensação de falta de ar, desmaio, convulsão, insolação, queda de consciência, insuficiência renal, lesões na pele, envelhecimento precoce e até câncer e estado de coma. “Quanto maior a exposição, maior a temperatura, maior a concentração de vapores”, avisa Dirceu.

O assunto tem sido objeto de estudos de longa data pela Associação e por organizações e universidades no Brasil e no mundo e faz parte da grade curricular de cursos de pós-graduação da medicina do trabalho e da medicina de tráfego.
 
Ana Rita Gondim
Agência CNT de Notícias