FIM DA GREVE: Com reajuste de 7,5%, ônibus voltam às ruas
Motoristas e cobradores afirmam estarem insatisfeitos com a proposta, mas corriam risco de ir para dissídio coletivo.
No início da noite desta segunda-feira (26), motoristas e cobradores de ônibus, reunidos em assembleia urgente no Tribunal Regional do Trabalho, decidiram acabar com a greve da categoria, deflagrada na sexta-feira. Sob risco de terem de passar por dissidio coletivo, os trabalhadores aceitaram contraproposta dos empresários, mas afirmam não estarem satisfeitos com a mesma. A frota deve voltar ao normal a partir de 0h de terça-feira.
Fotos: Raoni Barbosa/Revista Cidade Verde
Os trabalhadores negociaram reajuste de 8% no salário e 9% no tíquete alimentação. Os empresários discordaram e ofereceram 7,5% de aumento retroativo a 1º de maio, além da mudança da data-base para 1º de janeiro a partir de 2015, com aumento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e mais 2% de aumento real.
Caso o Governo do Estado promova desoneração dos impostos para combustíveis, os empresários oferecem ainda mais 0,5% de aumento.
O desembargador Manoel Edilson cedeu o espaço do TRT para que motoristas e cobradores tomassem uma decisão. Se a proposta fosse rejeitada, o magistrado pretendia dar início ao dissídio coletivo logo em seguida, determinando os percentuais de reajuste e forçando o fim da greve.
"Não foi fácil chegar a essa proposta final para encerrar a greve. Vou ceder a vocês a oportunidade de discutir e chegar a uma resposta ainda hoje. Eu espero que aceitem e que ocorra o fim da greve", disse o desembargador.
Um dos representantes dos trabalhadores, o motorista Alexsandro Gomes, confirmou que a proposta não foi satisfatória. A redução da jornada de trabalho de 7h20 para 6 horas, por exemplo, não foi contemplada.
"A categoria não saiu satisfeita. Iniciamos com 13%, baixamos para 10% e a classe patronal deu 7,5%. Se a gente não aceitasse, ia para o dissídio. Mas é assim mesmo. Pelo menos nós lutamos. A categoria se uniu e a greve serviu para mostrar que lutamos pelos nossos direitos e merecemos valor e respeito", declarou.
O desembargador Manoel Edílson reuniu-se com representantes do Sindicato dos Rodoviários e fez uma proposta para a categoria. O reajuste proposto é de 8% no salário, 9% no tíquete e alteração na data base para janeiro.
"Depois da reunião, ficou entendido que podemos baixar um pouco mais. Eu acredito que a proposta irá agradar a categoria e o desembargador disse que caso não seja aceita ele vai instaurar o dissídio, que não é bom para ninguém", afirmou o diretor do Sindicato dos Rodoviários, Francisco das Chagas Santos.
Após a reunião com os trabalhadores, o desembargador chamou a diretoria do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Teresina.
O desembargador Manoel Edílson, que preside a audiência de conciliação entre empregados do transporte coletivo e o setor empresarial na tarde desta segunda (26), propôs que os rodoviários aceitem o reajuste de 8% e encerrem o movimento ainda hoje.
A audiência foi convocada pelo Tribunal Regional do Trabalho na tentativa de firmar uma conciliação entre patrões e empregados.
No início da audiência, o diretor do Sindicato dos Rodoviários, Francisco das Chagas Santos, afirmou que a categoria não recua e o percentual mínimo para negociação é 8%, já que, em assembleias anteriores, todas as outras propostas foram negadas. "Eu acredito que qualquer tentativa de conciliação temos que começar a partir dos 8%", disse.
O desembargador Manoel Edílson alegou que essa é uma oportunidade para que o movimento se encerre e ofereceu o percentual de 8%, além de 9% de reajuste no tíquete alimentação e a alteração da data base para janeiro. "Oferecemos uma possibilidade de encerrar a greve com um reajuste salarial acima dos 5,8% e uma possibilidade de alteração da data base, que é favorável para a categoria e para a população", avaliou.
O promotor Luzardo Soares afirmou que em 20 anos de serviço no Ministério Público do Trabalho nunca tinha feito uma intervenção com proposta de reajuste e fez um apelo para que as categorias entrem em entendimento.
"Considerando o empenho do desembargador Francisco Meton [presidente do TRT] e do deputado Evaldo Gomes, e também considerando o interesse maior, o Ministério Público, vendo o problema da interrupção de um serviço essencial como o transporte público, interveio para que a greve acabe", afirmou.
As categorias estão reunidas com o desembargador para buscar um acordo.