quarta-feira, 15 de abril de 2015

Tribunal do Júri julga hoje caso do palhaço acusado de matar estudante


Tribunal do Júri julga hoje caso do palhaço acusado de matar estudante

Acusado teria assassinado a estudante de enfermagem, Kaiza Helane Lima de Sousa, de 24 anos, com um disparo de arma de fogo


Elenita Correia Pontes (Foto: Manoel José/OOlho)

A primeira testemunha de defesa foi a idosa Elenita Correia Pontes. Em seu depoimento, a mulher revelou que a vítima teria um caso extraconjugal com o irmão do acusado, o que culminou com a separação do casal. Segundo ela, o acusado não tem perfil de assassino e desde a infância se mostrou uma "pessoa educada e com caráter". "Ela traiu ele com o José Fernandes, que é irmão dele. Ela quem me contou. Esse caso foi o motivo da separação deles. Ela me disse ainda que o traiu porque ele foi pro Festival de Verão e não a levou. Ele é um menino bom, desde criança eu o acompanhava, levava para a escola. Hoje ele ainda é intrigado com o irmão dele", afirmou.
Fábio Holanda Farias também depôs a favor do acusado e disse que conhece o acusado há mais de 20 anos. Ele reforçou o depoimento da testemunha anterior e confirmou que a vítima teria uma relação extra conjugal com o irmão do acusado.  "Dentro do circo todo mundo sabe que ela traiu ele com o irmão dele. Trabalhei muito com ele e nunca foi agressivo. Ele era um homem bom pra ela", lembra.
A última testemunha de acusação foi a faxineira Elizonete Alves da Silva. A mulher relatou que trabalhou na residência do casal uma semana antes do dia do crime. Na tarde do sábado, ela diz que durante uma faxina dentro do quarto encontrou um revólver enrolado em uma camisa do acusado, dentro do guarda-roupas. Segundo a faxineira, nenhuma conversa relacionada à traição ou brigas teriam chegado ao seu conhecimento.
Da esquerda para direita: Elizonete Alves da Silva e Fábio Holanda Farias (Foto: Manoel José/OOlho)
"Ela me falava que ele estava diferente com ela e que tinha muito ciúmes. Ele ia pra faculdade dela e ficava atrás dos carros vigiando", relata.  Emocianada, a mulher contou ainda que o acusado teria afirmado para a esposa que a arma serviria para defesa da casa e auto defesa. "Nunca havia presenciado essa arma dentro de casa. Ela nem sabia que ele andava armado dentro do táxi. O que sei é que ela tinha mais ciúmes dele do que ele tinha dela. Nunca vi briga entre eles, pra mim eram um casal normal", disse.
Naiana Costa Gomes (Foto: Manoel José/OOlho)
A quarta testemunha a depor foi a estudante Naiana Costa Gomes. À época, a jovem estudava junta com a vítima na faculdade Aespi, localizada na zona Leste de Teresina. De acordo com a testemunha, no dia da morte da vítima, um bilhete foi deixado na portaria da faculdade, pedindo para que a vítima tentasse ligar para seu pai. Ele ressalta que não tinha tanta ligação com a estudante morta, mas que realizaram diversas atividades juntas ao longo de dois períodos. A testemunha lembrou ainda que não tinha certeza sobre uma suposta relação extraconjungal entre a vítima e um homem que teria as levado para um comício político. Segundo a testemunha, o homem tinha meia idade, mas não foi possível confirmar a relação amorosa entre os dois. 
"Nosso contato era maior na faculdade, mas era íntima dela. No dia da morte dela um bilhete chegou na recepção da faculdade pedindo para que ela ligasse para o pai dela. Durante as aulas, quase todos os dias o Washington ligava para ela no horário da aula. Ela me dizia que não estava dando certo mais a relação, que queria separar e que era complicado. Ela era uma pessoa comunicativa, alegre e brincalhona", lembra
A transexual Flávia de Sousa, foi a terceira testemunha a depor no Tribunal do Júri. Em seu depoimento, ela diz que seria amiga íntima do casal, mas o acusado negou ter relações com a testemunha. "Ela já foi amiga da vítima, mas não tinha nenhuma relação comigo", retrucou Washington. Flávia disse que conhecia a relação do casal desde o início, e que as discussões acaloradas eram constantes. A testemunhas informou que o acusado teria um ciúme doentio para com a vítima, e que o caso amoroso entre os dois começou quando a vítima ainda tinha em torno de 17 anos. 
Flávia de Sousa (Foto: Manoel José/OOlho)
"Ela tinha uns 17 anos quando eles começaram. Eu ia com ela todos os dias para o circo e lá eles se conheceram. Ele era o palhaço mais engraçado. O circo ficou no local por mais de um mês, porque estavam bem, faturando muito. Após a saída do circo ela acompanhou o palhaço e foram juntos para a Bahia. Eles ficaram lá por mais de um ano. De lá, ela me ligava quase todos os dias e dizia que a vida tinha mudado muito, que ela não tinha todo aquele luxo que tinha aqui em Teresina, e disse que não tinha mais o mesmo encanto por ele. Ela me falou que passou a trabalhar para poder ter as coisas dela. Na verdade, eu tinha mais conhecimento da vida dela do que a própria família dela, porque quando ela saiu pra Bahia ela foi rompida com parte da família, que não concordava", relatou. 
A testemunha completou informando que após a ida para o Estado da Bahia, o acusado passou a agredir quase que diariamente a vítima, tanto agressões morais quanto físicas. "Ela me dizia que ele batia nela direto. Devido a relação dela comigo ele até deixou de falar comigo", destacou.
Tribunal do Júri julga hoje caso do palhaço acusado de matar estudante
O Tribunal de Justiça do Estado do Piauí (TJ-PI) realiza na manhã desta quarta-feira (15/04) o julgamento do palhaço Washington Barros Silva, acusado de matar a esposa no ano de 2010. O acusado teria assassinado a estudante de enfermagem, Kaiza Helane Lima de Sousa, de 24 anos, com um disparo de arma de fogo. O crime ocorreu em um posto de combustível na Ladeira do Uruguai, na zona Leste de Teresina. O julgamento acontece no plenário do Tribunal do Júri, em frente à sede do TJ. O juiz responsável é Luís Henrique Moreira Rêgo, da comarca de Oeiras.
Defensor Público faz a defesa do acusado (Foto: Manoel José/OOlho)
O magistrado participa da II Semana Nacional do Júri, onde estão pautadas 35 sessões afim de acelerar o andamento do julgamento de diversos crimes que seguem em diligências. O acusado chegou ao local por volta das 8h30, mas teve que ser retirado do plenário devido à presença do caminhoneiro Valdemar Santana da Rocha, que é tido como testemunha ocular do crime. A testemunha que tem 51 anos, é natural do interior do município de Altos, e disse que estava constrangido em depor mediante a presença do acusado. 
Valdemar Santana da Rocha (Foto: Manoel José/OOlho)
Em seu depoimento, o caminhoneiro respondeu a indagações da promotoria, representada pelo promotor Ubiraci Rocha, e informou que teria ouvido dois tiros no momento do crime.  "O acusado estava de roupa escura. Não tive como ver a arma, mas estava distante cerca de oito metros do local do crime. Recordo bem que a vítima ainda gritou antes de ser alvejada, e o acusado saiu correndo depois que atirou. Ela nem chegou a entrar no carro. Alguns populares que estavam no local tentaram pegar o homem, mas não conseguiram. Ouvi dois tiros, um disparado pelo acusado e outro disparado por um segurança, que não sei se era militar ou civil. Sei bem que não houve discussão entre os dois, ele chegou e atirou logo. O tiro foi disparado de uma distância de meio metro", relatou.
O policial militar Alberto Paulo de Lima foi o segundo a depor no Tribunal do Júri sobre o caso "Palhaço". Em seu depoimento, o PM informou que no momento do crime a vítima sequer pediu socorro e disse ainda que parte do corpo estava dentro do veículo e outra parte fora, contrariando o que disse o caminhoneiro. 
Policial militar Alberto Paulo de Lima (Foto: Manoel José/OOlho)
"Não houve pedido de socorro. Ela estava com parte do corpo dentro do carro e a outra fora. Parece que ela havia tentado correr e não deu tempo. A princípio a arma usada era de calibre, seria um revólver 38, mas não tenho certeza", lembra. O PM foi indagado diversas vezes site o depoimento prestado anteriormente, mas disse que já não lembrava mais de diversos outros detalhes. Ele lembrou que o disparo teria atingido a parte superior do corpo, mas precisamente na altura do peito. "No momento os comentários que ouvi era de que eles se desentenderam no carro e ele acabou atirando. Persegui por alguns instantes o acusado, e as características físicas são parecidas com a deste rapaz que aqui está presente", ressalta.

fonte portal o olho