“Bagunça” na fiação dos postes do centro de THE gera risco de incêndio
Cabos da rede elétrica e de telefonia formam um verdadeiro “emaranhado” que polui e torna precária a estrutura do local
Um problema que já dura bastante tempo, incomoda lojistas e chega a oferecer riscos para a população que transita pelo centro varejista da capital. Fios enroscados e instalações de diversas naturezas poluem os postes fixados nas principais vias do local. A ligação da rede de eletricidade se confunde com a de telefonia, causando uma verdadeira poluição visual na estrutura da área.
A situação, segundo lojistas, já trouxe prejuízos inclusive financeiros, além de gerar uma sensação de insegurança para quem trabalha nos arredores. “A questão é a fiação aqui do Centro. Se você olhar direitinho, eles ficam todos folgados, caídos, e isso causa curto circuito. Inclusive já teve uma das lojas da gente que houve um incêndio por causa dessa questão, da fiação mal feita”, disse Francisco Junior, gerente de uma varejista.
LIMITAÇÕES DO CORPO DE BOMBEIROS
O major Egídio Leite, do Corpo de Bombeiros informou que as instalações públicas não fazem parte do controle da corporação, que se limita à fiscalização interna dos estabelecimentos comercias, no sentido de que todos os projetos funcionem legalmente e passem por uma análise dos riscos de incêndio que envolve também a parte elétrica.
“No que diz respeito à fiação de rua, o Corpo de Bombeiros não tem uma atuação de maneira a limitar, no entanto reconhece o risco que existe nas fiações, tipo 'gambiarras'. O Corpo de Bombeiros atua na prestação do socorro, isolando locais que ofereçam risco, para que a Eletrobrás compareça para fazer a regularização do atendimento, pois às vezes num curto desse, pode gerar centelhas, pode gerar um incêndio”, explicou o major.
CLIENTES SE AFASTAM DE LOJAS
São fios que se entrelaçam, com altura baixa, que pode levar risco para a população, cabos que se encostam em estruturas de ferro e uma série de outros problemas. Em meio as instalações é difícil para o cidadão comum identificar o que pode ou não oferecer risco. Situação que afasta clientes de algumas lojas onde o caso é visualmente mais agravante.
Josiane Alves, que também é responsável por uma das lojas do centro comercial, viu a clientela do estabelecimento reduzir após um incidente onde um caminhão danificou parte da estrutura elétrica que faz a distribuição para o local. “Outro dia um caminhão passou e levou os fios. Ficaram caídos aqui e os clientes passando do outro lado da calçada, prejudicando a nossa entrada”, contou.
Ainda de acordo com Josiane, imediatamente a Eletrobrás – empresa responsável pela distribuição – foi acionada, no entanto, a empresa só teria ido ao local fazer os reparos dois dias após o ocorrido. “A gente ligou para a Eletrobrás, era um sábado, e só na segunda-feira eles vieram. Tivemos que isolar para fazer uma passagem. Ficam os fios caídos, passando no pescoço dos clientes e eles não fazem nada”, completou.
Outra situação também pões em risco as pessoas que andam pela rua Coelho Rodrigues, no centro. Um poste está com sua estrutura totalmente danificada. Ele está cOm uma de suas extremidades laterais danificada e com uma rachadura que vai até a outra extremidade. Lojistas afirmam que já solicitaram da Eletrobrás que seja feita a substituição, mas que até o momento nada foi mudado.
EXPLICAÇÕES DA ELETROBRÁS
Procurada pelo O Olho para explicar a situação da rede de abastecimento do centro varejista de Teresina, a Eletrobrás explicou através do gerente de manutenção, Abraão Galeno, os casos citados. De acordo com ele, a poluição visual dos postes – que abrigam as instalações elétricas e de telefonia - é causada pela grande demanda do local.
“A grande questão é que para o centro, por ser uma área comercial, tem que ter um fluxo maior de informação, então realmente há uma quantidade maior de cabos telefônicos e de internet, de operadoras que fazem uso dos nossos postes para lançar seus cabos. Isso de certa forma causa a poluição visual e o amontoamento de cabos de conexões”, explica Abraão.
RISCO DE INCÊNDIO
Quanto ao risco de incêndios causados por curto circuito desencadeado pelas falhas da rede de distribuição, o gerente de manutenção diz que é preciso haver uma análise mais detalhada para averiguar o real motivo do ocorrido. “É difícil a gente diagnosticar um problema numa loja causado por uma má instalação externa da rede, porque há uma cadeia de proteção entre a loja e a rede de distribuição. Se ele disse que houve problema na rede interna, um incêndio, que seja, posso dizer que todo o projeto que ele fez para aquela loja foi de forma equivocada, pois nenhuma das proteções dele operou”.
Sobre os fios que estão amarrados a um poste de ferro, a Eletrobrás disse que parecem ser ramais que levam a energia para o consumidor, no entanto de instalações antigas. “A gente sempre tem o cuidado de ver o que pode levar perigo de vida para o nosso consumidor. Dificilmente uma equipe nossa vai chegar no local e deixar um cabo energizado a ponto de provocar risco para outra pessoa”, esclarece Abraão Galeno.
Em casos de ruptura do cabos ocasionados pelo impacto de veículos como caminhões, a Eletrobrás assumiu que pode haver falhas em reparos emergenciais, mas que no entanto, o cliente deve entrar em contato com a empresa para que uma equipe de desloque até o local para regularizar a situação.
Já sobre o poste que está em condições precárias, Abraão Galeno disse que é preciso ver de que forma foi feito o acionamento para o reparo. E que caso feito corretamente, ele está incluído na programação para fazer a permuta. “Entenda que no centro a gente não pode chegar, botar um caminhão parado no meio da esquina e trocar um poste no meio da semana. Se o poste está realmente nessas condições não tenho dúvida que está na programação e será resolvido o mais rápido possível”.
No apanhado geral a Eletrobrás informou que há possibilidade de uma reestruturação da rede de distribuição de energia elétrica do centro da cidade. “A gente tem um projeto positivo com o Banco Mundial, que é a substituição de medidores obsoletos. E não adianta eu substituir só o medidor, tem que substituir também a fiação”, finalizou Abraão.