Em 2016, uma mulher é vítima de violência sexual a cada 12 horas no Piauí
Teresina, Parnaíba e Picos são os municípios onde se registram os maiores índices deste tipo de crime. Passa de 4 mil o número de mulheres atendidas em 11 anos.
Uma mulher é vítima de violência a cada 12 horas no Piauí em 2016, é o que mostra um levantamento feito pelo Serviço de Atendimento à Mulher Vítima de Violência Sexual (SAMVIS), em conjunto com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi). O estudo mostra que já foram feitos 408 atendimentos pelo SAMVIS somente de janeiro a julho deste ano, o que resulta numa média de duas mulheres por dia, uma a cada 12 horas.
Teresina é o município que concentra a maior quantidade de mulheres atendidas pelo SAMVIS em 2016: são 294 ao todo. A Capital vem seguida de Parnaíba e Picos, onde 48 e 30 mulheres já assaram pelo serviço este ano, respectivamente. Desde que o SAMVIS foi criado, em 2004, já atendeu 4.443 mulheres vítimas de violência sexual no Piauí. Ao se traçar o perfil etário dessas vítimas, constatou-se que a maioria são mulheres entre 10 e 19 anos, seguidas das crianças entre 5 e 9 anos de idade.
Para a coordenadora do SAMVIS, Andrea Nunes, os dados, apesar de alarmantes, não mostram a realidade do Estado. “Acreditamos que o número de casos seja bem superior aos registrados, porque temos subnotificações de casos de violência sexual por conta de tabus sociais que ainda são fortes em torno desses casos. Nosso papel é fortalecer e aprimorar a rede de atendimento a essas vítimas”, disse a coordenadora.
Atualmente, o SAMVIS está presente em oito cidades piauienses: Teresina, Parnaíba, Picos, Floriano, Bom Jesus, Campo Maior, São Raimundo Nonato e Corrente. A coordenação do serviço está fazendo o monitoramento das unidades para poder se adequar à portaria do Ministério da Saúde que determina a extensão do atendimento também a vítimas de violência sexual que sejam do sexo masculino.
O monitoramento prevê a avaliação dos serviços oferecidos em cada unidade que conta com acolhimento da vítima e sua família, profilaxia das doenças sexualmente transmissíveis como AIDS e Hepatite B, anticoncepção de emergência e acompanhamento biopsicossocial.
Antes, a violência sexual era tratada separadamente por gênero e faixa etária, mas hoje o Ministério da Saúde tem uma classificação de atendimento a todas as pessoas vítimas de violência sexual e atenção integral a todas as pessoas vítimas, não somente as mulheres.
O atendimento do SAMVIS é multiprofissional com médico, assistente social, psicólogo, farmacêutico e enfermeiro que fazem todos os procedimentos, inclusive a coleta de vestígio na vítima e exame de corpo delito.