Quase 400 presos fugiram do sistema carcerário do Piauí em 2017
Ao todo, 167 presos escaparam dos presídios de regime fechado e outros 225 do regime aberto. Penitenciária de Esperantina teve o maior número de fugas.
De janeiro a novembro de 2017, pelo menos 392 detentos conseguiram fugir do sistema carcerário do Piauí, é o que aponta um relatório do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado (Sinpoljuspi) encomendado pela reportagem de O Dia. Dos 400 presos que escaparam, 167 saíram do regime fechado e 225 do regime aberto, ou seja, da Colônia Agrícola Major César. Atualmente, o Piauí possui quase 4.500 presos sendo custodiados nos estabelecimentos penais.
Os dados revelam que a unidade penal de sistema fechado de onde mais presos fugiram este ano foi a Penitenciária Luiz Gonzaga Rebelo, em Esperantina, que teve quatro fugas, com um total de 107 detentos que conseguiram escapar. Em 2017, o presídio passou por uma crise estrutural após uma rebelião em dois pavilhões. O motim acabou se alastrando a outras áreas da unidade e resultou em celas quebras e paredes derrubadas. Foi durante e após esta rebelião que 85 presos deixaram a unidade em fuga.
Mas a situação preocupante se estende também às outras unidades de regime fechado, como por exemplo a Casa de Custódia, maior presídio do Piauí. Abrigando cerca de mil detentos, a penitenciária registrou cinco fugas este ano, com um total de 15 presos foragidos. O Presídio de Vereda Grande, em, Floriano, teve três fugas com três detentos conseguindo escapar.
A Penitenciária Irmão Guido, de onde presos tentaram fugir na última segunda-feira (06) e dois chegaram a se ferir durante um desentendimento nesta terça (07), perdeu 29 detentos em duas fugas. No litoral piauiense, a Penitenciária Mista de Parnaíba registrou duas fugas com seis detentos que conseguiram escapar. O presídio de Bom Jesus teve uma única fuga com três presos foragidos, a Penitenciária Feminina de Teresina, duas fugas com duas detentas escapando e, por fim, o Hospital Penitenciário, de onde dois detentos fugiram este ano.
O problema maior se situa na Penitenciária Major César, onde os presos cumprem regime aberto e de onde 225 escaparam só este ano. Foi também na Major César que foi encontrado um menino de 14 anos escondido debaixo da cama de um preso acusado de estupro. O caso ganhou repercussão nacional e culminou em uma crise administrativa na Secretaria de Justiça, com mudanças nos protocolos de acesso das visitas aos presídios.
O outro lado
Procurada pela reportagem de O Dia, a Secretaria de Justiça (Sejus) informou que já recapturou 76 foragidos do sistema prisional do Piauí este ano. Este número inclui também presos que escaparam dos presídios em anos anteriores. O secretário Daniel Oliveira declarou que a realidade na qual o sistema penitenciário piauiense está inserido é de muitas dificuldades e desafios.
Foto: Jailson Soares/O Dia
Segundo Daniel, a estrutura deficiente e a falta de pessoal são os principais motivos para fugas, mortes e outros incidentes nos presídios do Estado. O gestor acrescenta que as formas de enfrentamento para esses problemas são o concurso público, que está em andamento, e as reformas nas unidades, com ampliação de vagas para minimizar a superlotação.
“Por meio de procedimentos de segurança, como vistorias diárias e as atividades padrão da rotina carcerária, conseguimos impedir que muitas dessas tentativas sejam consumadas, ou seja, que os presos venham a fugir. Estamos, também, melhorando a parte de tecnologia, por exemplo, com a implantação de câmeras de segurança que monitoram as unidades penais, 24 horas por dia. Muitos problemas, como fugas e motins, são evitados, com isso”, finalizou o secretário.