sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

DIVERGÊNCIAS Após repercussão negativa, MP volta atrás e pede manutenção da prisão do estudante que matou casal atropelado em Teresina

 Nesta semana, a justiça chegou a pedir uma avaliação médica de João Henrique. Ele está preso há menos de 60 dias

promotor Nielsen Silva Mendes Lima, do Ministério Público do Piauí, manifestou parecer contra ao pedido de revogação da prisão preventiva de João Henrique Soares Leite Bonfim, acusado de atropelar e matar um casal no início de dezembro do ano passado em Teresina. O posicionamento surge dias após um outro membro do órgão ministerial ser favorável pela soltura e determinação de medidas cautelares ao estudante. 

Na nova alegação do MP, obtida pelo A10+ nesta sexta-feira (17), Nielsen Silva esclarece que não há o que se falar dos posicionamentos conflitantes dos membros, pois o ‘princípio da independência dos integrantes do Ministério Público autoriza posições jurídicas divergentes na mesma ação penal, desde que manifestadas adequada e tempestivamente em fases processuais distintas’.

  

Motorista que matou casal atropelado é réu homícidio doloso
Reprodução

   

“Não há o que se falar em posicionamentos conflitantes do Órgão Ministerial, pois a independência funcional dos membros do Ministério Público lhes confere essa prerrogativa. Em virtude disto, é assegurado ao membro analisar livremente os fatos sob a sua apreciação, aplicando o entendimento que entenda mais adequado ao ordenamento jurídico e justa ao caso [...] O princípio da independência dos integrantes do Ministério Público autoriza posições jurídicas divergentes na mesma ação penal, desde que manifestadas adequada e tempestivamente em fases processuais distintas. Apesar de o Ministério Público ser uno e indivisível, há a autonomia funcional de seus membros, não havendo subordinação intelectual entre eles, permitindo que cada um atue dentro de sua convicção e dos limites impostos pela lei”, argumenta o promotor. 


No parecer anterior, o promotor Regis de Moraes Marinho afirma que por meio do parecer da defesa baseada em réu primário e doença de cardiopatia congênita, a liberdade de João não apresenta risco e periculosidade à ordem pública. No entanto, Nielsen Silva pontua que não há qualquer indicação médica ou relatório que aponte a necessidade de tratamento específico ou que torne a prisão inviável. 

Além disso, para o promotor, não foi apresentado nenhum fato novo que levasse à mudança do convencimento do Ministério Público sobre a necessidade da manutenção da cautelar constritiva.

“Os documentos apresentados são insuficientes para justificar a revogação da medida cautelar. Por fim, as medidas cautelares diversas da prisão não possuem o condão de assegurar a ordem pública em face do requerente que já ostenta outro procedimento criminal na mesma natureza e não se mostrou capaz de autocontrole, mas pelo contrário, continua a delinquir”, escreve. 

  

João Henrique é reincidente em acidentes de trânsito com vítimasReprodução

   

Réu por homicídio doloso

O estudante de direito João Henrique Soares Leite Bonfim, acusado de atropelar e matar um casal no início de dezembro do ano passado em Teresina, se tornou réu na justiça por homicídio doloso. A denúncia foi recebida pelo juiz Múccio Miguel Meira, da 3ª Vara do Tribunal Popular do Júri da Comarca da capital.

No dia 10 de dezembro de 2024, a Polícia Civil apresentou a conclusão do inquérito policial com o indiciamento de João Henrique. Com base no IP, no dia 18 de dezembro, a denúncia foi apresentada à justiça pelo Ministério Público, através do promotor Nielsen Silva Mendes Lima. 

Na decisão, o magistrado mantém a prisão preventiva do acusado, convertida à época por conveniência da instrução criminal e garantia da ordem pública. O processo seguirá para a fase de instrução. 

Fonte: Portal A10+