Aumentou para 26 os bairros da lista divulgada pelos taxistas, onde eles evitam fazer corridas durante a noite em Teresina, com receio de que alguma violência possa ser cometida contra eles no exercício da profissão.
A última lista divulgada apontava 12.
Fotos: Carliene Carpaso
As informações foram confirmadas pelo representante dos taxistas, Raimundo Bezerra, que participa da audiência pública sugerida pela própria classe na Câmara Municipal de Teresina nesta terça-feira (15), e acolhida pelo vereador Tiago Vasconcelos (PSB), proponente da audiência.
Os bairros são Vila Irmã Dulce, Vila Jerusalém, Parque Rodoviário, Vila Santa Cruz, Vila do Avião, Pedra Mole, Morro da Esperança, Nova Teresina, Prainha, Vila São José, Parque São José, Vila São Joaquim, Vila Tarcisio Feitosa, Afonso Gil, Parque Vitória, Árvore Verde, Conjunto Santa Bárbara, Parque Universitário, Parque Eliane, Vila Daguimar Maza, Anita Ferraz, Vila da Guia, Vila São Raimundo, Vila Verde, Vila Andaraí e Residencial padre Pedro Basilio.
Além disso, os taxistas confirmaram que já foram registradas três mortes de taxistas no período de um ano (de 2014 para 2015), dos taxista Raimundo Francisco, Pedro de Lima e outro identificado apenas como Carlos.
“Não é toda a população dessas áreas que está envolvida com crimes, que são bandidos. Muitos moradores do bem moram nessas regiões e acabam também sofrendo com a falta de táxi para a região”, ressaltou Raimundo Francisco.
O presidente da Cooperativa Dirceu Táxi, na zona sudeste de Teresina, Antônio de Araújo, lembrou que proprietários de cooperativas continuam evitando as corridas para locais considerados perigosos da cidade. De acordo com Antônio, na zona sudeste, por exemplo, os taxistas evitam fazer viagens no período da noite para a Vila da Guia, Vila São Raimundo, Vila Andaraí e Vila Verde.
“Recomendamos que os taxistas não peguem passageiros na ruas, pois não fica registrado no sistema, então pode ser que esse passageiro venha a ser um assaltante colocando a vida do profissional em risco. O que sabemos é que nosso companheiro Raimundo Francisco foi vítima dessa prática. O último registro de atendimento foi às 3h, quando foi de manha, já recebemos a notícia da sua morte”.
Representantes da Polícia Militar, dos taxistas, além de vereadores participam de reunião. O coronel Marcos David, da PM disse que a questão da segurança envolve muitos órgãos. “O da polícia militar é de prevenção, pois não podemos infelizmente adivinhar quando um crime irá acontecer. O que estamos fazendo é otimizando o policiamento nas varas mais críticas e intensificando as blitzen, para quando possível retirarmos armas do poder de quem não tem a posse, de criminosos”.
Na reunião, foi destacado que praticamente todos os taxistas, possuem um relato de violência sofrida no exercício da profissão. O taxista Antônio Sobrinho, que trabalha há mais de 50 anos como taxista e há seis meses faz parte da Cooperativa do Aeroporto, foi mais um dos que sofreu com um assalto.
“Há mais ou menos seis meses eu peguei uma passageira no aeroporto para levá-la à Piçarreira. Após deixar a passageira, fui abordado por uma assaltante que me humilhou. Colocou a arma na minha cara, levou meu celular, R$ 320 e quebrou o para-brisa do carro. Isso foi às 14h. Nós não temos segurança”, relatou Antônio Sobrinho.
Testemunho
A psicóloga Nara Gisele de Araújo, filha do taxista Pedro de Jesus Lima, 60 anos, assassinado no dia 27 de novembro deste ano, enquanto estava trabalhando, disse que vai continuar participando das ações de luta dos taxistas, dando seu testemunho e apoio à causa como uma forma de lutar junto à classe, para que os casos de violência contra taxistas não continuem aumentando em Teresina.
“Foi um crime brutal o que aconteceu com meu pai, que abalou toda a família. O que sabemos é que o crime foi cometido por um menor de idade que está preso. Meu pai foi assassinado com 17 facadas. Além de justiça, o que nos queremos é que outros familiares não passem pelo que passamos, por isso decidimos lutar ao lado dos taxistas, para que todos os profissionais tenham segurança ao trabalhar nessa área”, declarou Nara, que participa da audiência.
Pedro de Jesus Lima era servidor público aposentado e há cerca de um ano havia decidido trabalhar para não ficar ocioso. Ele foi assassinado por um menor de idade a nove metros do 9º Batalhão da Polícia Militar, na zona norte de Teresina. Pedro deixou esposa, três filhos, sendo dois filhos genéticos e um de criação