Suspeitos de estuprar tia e sobrinha podem ser soltos por falta de exame de DNA
Crime aconteceu em Esperantina e dupla foi reconhecida pelas vítimas, no entanto a polícia precisa de provas materiais e o Piauí não faz exames do tipo.
Os suspeitos de terem estuprado tia e sobrinha durante um assalto em Esperantina no último dia 30 podem ser soltos, mesmo tendo sido reconhecidos pelas vítimas. Isso porque é preciso alguma prova material que comprove a autoria deles no crime, prova essa que só pode ser obtida por meio de um exame de DNA comparando as amostras colhidas da dupla e das vítimas. O problema está no fato de o Instituto de Criminalística do Piauí não fazer este tipo de exame e não possuir condições de enviar os peritos daqui para Recife, onde o procedimento é feito. A informação é do gerente de policiamento especializado da Polícia Civil, delegado Jetan Pinheiro.
De acordo com ele, só o relato das vítimas não é suficiente para manter a prisão preventiva dos suspeitos, que foi pedida hoje pelo delegado Leonardo Alexandre Martins, de Esperantina. “Eles estão presos preventivamente por 30 dias, mas esse prazo pode ser prorrogado por mais 30 dias. Se nesses 60 dias a prova material não for anexada nos autos, eles não podem continuar presos. Não por este crime”, explica o delegado Jetan.
"Só o relato das vítimas não é suficiente para manter a prisão preventiva dos suspeitos", diz o delegado Jetan
Ao falar “este crime”, o delegado refere-se ao estupro, porque, na verdade, a razão pela qual a dupla foi presa é outra. Eles haviam sido conduzidos para a delegacia no domingo (06) por se envolverem em uma confusão numa festa em Esperantina. A acusação pelo estupro de tia e sobrinha só veio à tona hoje, depois que os agentes perceberam a semelhança de um dos presos com o retrato falado produzido a partir das descrições apontadas pelas vítimas no dia seguinte ao crime.
O delegado Jetan explica: “O retrato falado fica na delegacia, exposto e a equipe percebeu como um dos presos da confusão da festa, que se chama Wendell Rafael, parecia com a imagem informada pela criança e pela tia dela. Imediatamente as duas foram chamadas a se apresentar novamente na delegacia, a pedido do delegado Alexandre, que as colocou para ver os presos. Elas apontaram o Wendell como o responsável pelo estupro. Ao que consta, ele levantou a viseira do capacete ao praticar o crime e elas, como já era de se esperar numa situação dessas, gravaram todas as expressões dele”, diz o delegado.
Wendell e o outro suspeito encontram-se recolhidos à Delegacia Regional de Esperantina enquanto aguardam o andamento do processo que, segundo o gerente de policiamento especializado, segue sem previsão para encerrar.
Entenda o caso
Na noite do último dia 30 de outubro, uma dupla de assaltantes invadiu uma residência na localidade Mundo Novo dos Amorins, zona Rural de Esperantina, e além de roubarem dinheiro e agredirem um idoso de 72 anos, ainda estupraram uma mulher de 40 anos e sua sobrinha de 12. O idoso teria sido obrigado a assistir o crime. Os suspeitos fugiram em uma motocicleta e somente no dia seguinte as vítimas, abaladas que estavam, conseguiram comparecer à para prestar queixa.
Na ocasião, além de colher o relato, o delegado Leonardo Alexandre pediu que fossem colhidas amostras genéticas das vítimas que comprovaram o estupro.