Acusado de matar deputado chora e diz que dinheiro foi para comprar ouro
O advogado Virgílio Bacelar de Carvalho, acusado de mandar matar o deputado estadual Francisco Abraão Gomes de Oliveira, falou por mais de duas horas durante seu julgamento pelo crime, que teve início por volta das 9h desta segunda-feira (24). Ele chorou por três vezes e negou a autoria do assassinato. O deputado foi morto a tiros quando chegava em casa no dia 29 de agosto de 1989
Quatro pessoas foram ouvidas desde às 9h: a viúva de Alcides Nery do Prado, julgado e condenado como sendo o pistoleiro contratado para matar o parlamentar; o policial militar que estava de plantão no dia em que o carro em fuga passou pela Monte Metálica; o contador Clarindo Carvalho e o ex-vereador de Porto, Pedro de Sousa Lima.
O PM disse em seu depoimento que reconheceu o policial civil de nome Cardoso Moreira da Silva - suspeito de participar do crime. Já Clarindo Carvalho, que era contador da prefeitura de Porto, confirmou que fez um depósito no valor de 100 mil cruzeiros para Alcides a pedido de Virgílio.
A quarta pessoa ouvida foi o ex-vereador de Porto, Pedro de Sousa Lima, que confirmou a rivalidade que existia entre o advogado e o deputado estadual.
Ao prestar depoimento, Virgílio chorou por 3 vezes e disse não saber o motivo da acusação do crime. Ele admitiu que conhecia Alcides há mais de 10 anos. O dinheiro, de acordo com o réu, era para a compra de ouro.
É o segundo julgamento de Virgílio. O primeiro aconteceu em 2000 e foi anulado, após a suspeita de coação do júri. A previsão é que o julgamento termine por volta da meia-noite.
O advogado da acusação, João Malato, disse que o réu tentou manipular e ameaçou familiares do júri. Indignado, o advogado disse que ele conseguiu por 17 anos protelar o julgamento. "Nunca vi em todos esses anos essa proeza. São 17 anos de recurso atrás de recurso. O último foi mês passado que conseguiu adiar, já que estava na iminência de prescrever", disse.
O advogado afirmou ainda que se demorasse mais um mês, o crime seria prescrito. "Isso é ou não impunidade?", questiona, se referindo ao choro do réu como “lágrimas de crocodilo”.
João Malato fala desde às 17h tentando convencer o júri a votar pela condenação. Virgílio Bacelar está acompanhado do advogado Gilberto Ferreira.