A procura por atendimento médico em hospitais públicos e particulares de Teresina aumentou significativamente nos últimos meses. Todas as unidades de saúde estão lotadas de pacientes que apresentam os sintomas comuns ao zika vírus, à febre chikungunya, ou à dengue: dor nas articulações, manchas na pele, olhos avermelhados e febre.
Fotos: Marcela Pachêco/ODIA
No hospital municipal da Primavera, na zona Norte de Teresina, apenas um médico cumpre o plantão de 12 horas, causando uma grande demora e, por consequência, longas filas de espera. A recepcionista do hospital, Deulma Gomes, conta que os pacientes ficam irritados e várias confusões já ocorreram. “Eles nos culpam pela demora. Por vezes fui xingada aqui, mas os pacientes não entendem que estamos apenas cumprindo determinações. Realmente há uma grande demora no atendimento, mas o único médico que está no hospital tem que dar conta de muitas atividades, como prescrever receitas, observar um paciente internado, chamar o Samu e atender na urgência”, detalha.
A paciente Gracilvana Alencar (foto abaixo) estava no local com os sintomas da virose e tinham mais de 15 pessoas em sua frente. “Eu moro no bairro Matadouro e a unidade de saúde de lá estava sem clínico geral, então tive que pegar carona para chegar nesse hospital e não sei nem que horas vou sair daqui, porque tem muita gente na minha frente”, observa.
A mesma realidade é vista nos hospitais particulares. Laís Rebelo é mãe de uma criança de 10 meses que apresentou os sintomas da virose. Para conseguir auxílio médico, ela teve que ir durante dois dias seguidos para dois hospitais particulares diferentes. “Durante a espera, a criança fica irritada, cansada e pode até piorar. Por isso, agora eu evito levá-lo à urgência. Depois de diagnosticado, ele tornou a apresentar alguns sintomas. Para evitar passar por tudo aquilo de novo, eu prefiro cuidar dele na minha casa, apenas tirando algumas dúvidas com a pediatra que o acompanha desde o nascimento”, declara.
Outra mãe também sofreu com a demora no atendimento médico. Débora Laís de Carvalho levou sua filha de noves meses a um hospital particular. A criança apresentava febre e dores no corpo. “Cheguei ao hospital quase meia noite, mas, mesmo assim, tinham quinze crianças na nossa frente. Depois de mais de uma hora, fomos atendidos e ela foi diagnosticada com o início da virose. O atendimento em si foi satisfatório, mas a espera é sempre angustiante porque a criança fica chorando e a gente não sabe o que fazer. O tempo parece não passar”, conta.
Não há registro de chikungunya ou zika vírus em Teresina
Segundo a Fundação Municipal de Saúde (FMS), apenas esse ano foram registados 1.680 casos de dengue na capital. No entanto, nenhum caso de chikungunya foi confirmado. Recentemente, a FMS enviou 200 testes para o laboratório em Belém, no Pará, que é o única local em todo o país onde os testes de chikungunya são feitos. Quanto ao zika vírus, nenhum exame foi colhido na capital.
Os profissionais da saúde estão esperando uma determinação do Ministério da Saúde para, enfim, realizar os testes em Teresina, o que vai agilizar a obtenção dos resultados. Segundo a diretora de vigilância em saúde da FMS, Amariles Borba (foto abaixo), essa demora atualmente se dá por conta da crescente demanda do laboratório do Pará. “Enviamos as amostras, mas não temos a data que receberemos o resultado”, acrescenta.
A diretora de vigilância em saúde da FMS explica que um único mosquito é o propagador de sete doenças, que são a febre amarela, zika, chikungunya, dengue um, dois, três e quatro. “Então, as doenças dependem apenas do hospedeiro, da situação imunológica, do estado nutricional e da capacidade de resposta do corpo da pessoa”, explica Amariles Borba. O mosquito transmissor das doenças é o Aedes Aegypti, que surgiu na África e vem avançando pela América do Sul.
No entanto, não existe uma medicação específica que possa matar o vírus. Na verdade, a prevenção consiste apenas em adotar medidas simples que ajudem a combater a proliferação do mosquito transmissor da doença. Um único mosquito fêmea do Aedes Aegypti pode picar mais de 600 pessoas e pôr 300 ovos que nascerão contaminados pelo vírus. “Se acabarmos com o mosquito, acabaremos com a doença”, finaliza Amariles.
Amariles avalia que a população deve agir em parceria com o serviço de saúde do município. “O mosquito está sofrendo adaptação e agora se reproduz em águas menos sujas, como a fossa do banheiro. Então, é importante fazer constantes limpezas na casa, como lavar o bebedouro de animais, averiguar se a caixa d’agua está hermeticamente fechada e colocar areias em vasos de plantas que possam juntar água”, avisa Amariles.
Após ser diagnosticado com alguma das doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti, o paciente deve tomar muita água para hidratar o corpo, proporcionando condições de combater a virose.
Entenda a diferença entre as doenças
Os portadores da chikungunya apresentam febre alta, dor de cabeça, dor muscular, exantema (erupção na pele), conjuntivite e dor nas articulações. O sintoma mais característico dessa enfermidade é no acometimento das articulações. Em alguns casos, as dores chegam a impedir os movimentos. As pessoas infectadas ainda podem ficar com sequelas pelo resto da vida, como a destruição das articulações (punho, coluna cervical, lombar, joelho, tornozelo e quadril).
A dengue é basicamente um quadro febril muito intenso, agudo, causado por um dos quatro sorotipos conhecidos do vírus da dengue, chamados de tipo um, dois, três e quatro. Essa virose pode evoluir de duas maneiras. A forma mais clássica da doença é o quadro mais suave. A infecção apresenta também uma evolução grave, chamada de dengue hemorrágica.
A dengue suave provoca dor de cabeça, dores musculares, nas juntas, atrás dos olhos, vermelhidão no corpo e coceira. Além disso, pode persistir um quadro de prostração e fraqueza durante algumas semanas. Já a dengue hemorrágica provoca os mesmos sintomas que a dengue clássica, no entanto, depois que a febre começa a ceder, aparecem sinais de hemorragia, como sangramento nasal, gengival, vaginal, rompimento dos vasos superficiais da pele, além de outros.
Os sintomas da Zika vírus incluem febre, dor nas articulações e músculos, além de conjuntivite e manchas vermelhas na pele. Inicialmente, esta doença infecciosa, que é transmitida antes do surgimento dos sintomas, pode ser confundida com uma simples gripe. Após ser infectada uma fez, a pessoa fica imune ao vírus.
fonte portal o dia