"Financiamento em UTI's é insuficiente no PI", declara diretora do HGV
Segundo a doutora, o investimento em leitos de UTI's não atende a demanda da população piauiense.
A falta de leitos em UTI’s no Hospital de Urgência de Teresina (HUT) seria responsável por cerca de 500 mortes em três meses, segundo levantamento feito pela Associação de Médicos Intensivistas de Teresina (Asimute). Embora acredite que a falta de leitos seja responsável por uma parcela desses óbitos, o secretário de saúde Aderivaldo Andrade, não atribui toda essa quantidade à falta de leitos.
Atualmente, o HUT possui quatro UTI’s e 44 leitos, de acordo com o secretário Aderivaldo Andrade. Para ele, há um certo alarmismo quando se diz que todas as mortes ocorridas dentro do hospital foram causadas por falta de leito. “Muitos pacientes chegam até o HUT, são atendidos, encaminhados para a UTI, mas acabam morrendo no local, durante ou depois do atendimento. Outros chegam a morrer a caminho do hospital”, diz o secretário.
Ontem (07) o Portalodia.com tentou, mas não conseguiu contato com o secretário municipal de saúde para esclarecer sobre as informações repassadas pelos médicos intensivistas.
A cerca desses dados levantados pela Asimute, à diretora geral do HGV, doutora Clara Leal diz que não tem como contestar, por ser uma entidade respeitada, mas que é preciso analisar a causa dessas mortes. “Eu só conheço esses dados pela imprensa. Sei que o HUT está com uma taxa de mortalidade muito alta. Agora, que as causas são apenas essas insuficiências de leitos, eu não tenho como opinar nem afirmar, deve-se analisar”.
Foto: Elias Fontinele/ODIA
Segundo a doutora, em média, no HUT, cerca de 20 a 25 pacientes aguardam um leito em uma UTI diariamente. “O Hospital de Urgência de Teresina é o local onde mais se tem pacientes com necessidades de UTI, visto que ele atente a todo o estado”, declara a diretora. “Para atendermos a população de forma segura, o estado precisaria de 150 leitos de terapia intensiva a mais das que já tem em todo o Piauí, ou seja, em torno de 300 leitos”, afirma.
A doutora Clara Leal, atribuí dois problemas sobre a falta de leitos. “A falta de financiamento é a primeira. Para se ter uma noção, só para montar uma UTI é preciso gastar cerca de R$ 1 milhão e a manutenção de cada leito custa, diariamente, R$ 5 mil. Então, o financiamento nessa parte é insuficiente. E o segundo problema, que é minha opinião, é a falta de profissionais qualificados, que não possuem o título de intensivista”, pontua.
A respeito do caso dos familiares que entraram com uma ação judicial para conseguirem um leito para um paciente, a doutora Clara Leal afirma que fatos como estes vêm trazendo problemas maiores. “A categoria médica não quer mais fazer plantão nas UTI’s. Estão com medo de passarem por uma situação constrangedora, como a do médico do HUT”, diz. “A população precisa entender que demandar o poder judiciário não é resolver o problema. O problema é que não há leitos para todos. Devemos procurar os gestores para resolver isso”, conclui.