Irmão gêmeo cardiopata morre no HUT após esperar cirurgia por dois meses
Morreu na tarde desta quarta-feira (15) o irmão gêmeo que sofria de cardiopatia congênita no Hospital de Urgência de Teresina (HUT).
Os dois irmãos nasceram em Parnaíba com a doença rara e esperaram cirurgia no hospital. O primeiro irmão morreu no dia 7 deste mês e hoje o segundo bebê não resistiu às complicações da doença e faleceu. A família está inconsolável.
O conselheiro tutelar, Djan Moreira, lamentou a morte dos irmãos e disse que o conselho vai lutar para evitar mais mortes. O conselheiro cobrou uma providência urgente da Secretaria Estadual de Saúde. O bebê esperava cirurgia por dois meses no HUT.
“É lamentável, é triste e cada criança que nascer com cardiopatia congênita e o conselho tomar conhecimento vai brigar para que seus direitos sejam atendidos”, disse Djan Moreira.
O caso dos gêmeos estava sendo acompanhado pelo Conselho Tutelar e pela Comissão da Criança e do Adolescente da OAB.
Os irmãos gêmeos nasceram no dia 14 de dezembro do ano passado e exatamente ontem completava seis meses de vida.
Desabafo
Djan Moreira disse que tomou conhecimento que setor da Secretaria Estadual de Saúde estaria orientando as famílias para não acionarem o conselho tutelar.
“Soube dessa orientação e estou indignado. Eu repudio essa orientação, pois a Secretaria de Saúde não está fazendo nenhum favor, é uma obrigação”, disse Djan.
O governo do Estado tem dificuldade de atender os casos, já que a cirurgia não é realizada no Piauí, mas somente em São Paulo, Ceará, Goiânia ou Pernambuco.
Bebê será transferido amanhã
Djan Moreira informou ainda que o bebê da maternidade Evangelina Rosa será transferido amanhã (16) para hospital de São Paulo. A juíza Maria Luiza deu liminar obrigando o Estado a realizar a transferência por UTI aéreo. A criança está há um mês a espera do cumprimento da liminar.
Sobre a doença
A doença cardíaca congênita é uma alteração na estrutura do coração presente antes mesmo do nascimento. Essas alterações ocorrem enquanto o feto está se desenvolvendo no útero e pode afetar cerca de 1 em cada 100 crianças. É a alteração congênita mais comum e uma das principais causas de óbito relacionados a malformações congênitas.
Segundo dados da sociedade brasileira de cardiologia no Brasil nascem em torno de 23 mil crianças com problemas cardíacos. Dessas em torno de 80% necessitarão de alguma cirurgia cardíaca durante a sua evolução.