Fiscais repassavam provas para membros da quadrilha que fraudou concurso
Mãe e filha recebiam R$ 1 mil por cada foto da prova enviada para os membros da quadrilha. Candidatos aprovados ficavam devendo aos criminosos
O esquema utilizado para fraudar alguns concursos públicos no Piauí começava por duas fiscais de provas, que faziam fotos das questões logo após a abertura dos envelopes, e as enviava para membros da quadrilha. A informação foi repassada durante coletiva de imprensa realizada nesta quinta feira (17) por investigadores do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco). A Operação Vigiles foi deflagrada nas primeiras horas do dia.
Segundo o delegado Carlos César, as fiscais identificadas pela investigação eram Maria Isabel e Alana Rayane, mãe e filha. "Elas confessaram que recebiam até R$ 1 mil por cada prova enviada à quadrilha. Em uma das ocasiões, a prova foi repassada diretamente para o Evilásio Rodrigues, um dos líderes do esquema", relata.
Após receber a foto da prova, as pessoas responsáveis por respondê-las eram rapidamente acionadas e tinham que elaborar o gabarito a ser repassado aos candidatos envolvidos no esquema. "As respostas eram mandadas por celular. os chips eram comprados exclusivamente para este fim, e destruídos logo em seguida", explica o delegado.
Os valores pagos pelo gabarito variavam entre R$ 10 mil e R$ 50 mil, mas ainda há incertezas quanto às negociações. Segundo Carlos César, algumas pessoas ficavam devendo à quadrilha. O pagamento era feito somente após a aprovação e nomeação. "Isso é ainda mais pernicioso. São servidores públicos, membros do TJ ou de instituições policiais, que estão devendo a uma organização criminosa", avalia o delegado.
As investigações do Greco deverão continuar, pois a quadrilha já vem atuando em vários outros concursos. Quatro, dos nove foragidos,tinham sido aprovados tanto no concurso do Corpo de Bombeiros, quanto no concurso do Tribunal de Justiça. São eles: Gabriel Alves, Evelyn Oliveira, Jackeline Alves Brandão e Francisco Lailson.
Cristian Alcântara Santiago e Josué Modesto Brito não fizeram a prova do Corpo de Bombeiros, mas fizeram a do Tribunal de Justiça e também foram aprovados. Já Ítalo César e Janayra Pessoa, também foragidos, fizeram somente a prova do Corpo de Bombeiros. Bruno Carvalho era integrante da quadrilha, mas não participava dos concursos. Todos eles estão foragidos.
Ao todo, 27 pessoas estão presas, sendo elas as duas fiscais (Maria Isabel e Alana Rayane), um dos líderes (Evilásio) e mais 24 candidatos. Destes, 19 já estavam fazendo o curso de formação do Corpo de Bombeiros, que será suspenso, segundo o comandante da corporação, coronel Carlos Frederico. "Precisamos analisar toda a situação, ter acesso a dados e tomar a decisão justa nesse processo", disse.
Segundo o coronel, dos alunos aprovados por meio da fraude, alguns já haviam sido desligados do curso por falta de capacidade. "Tínhamos uma situação de todos eles matriculados e posteriormente desligados em virtude da capacidade intelectual não ter sido suficiente para acompanharem todo grupo", disse o coronel Carlos Frederico.
Presos e foragidos