quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Promotor pede bloqueio de 829 mil reais do Fundeb de José de Freitas que teria sido desviado para 30 contas de particulares

Promotor pede bloqueio de 829 mil reais do Fundeb de José de Freitas que teria sido desviado para 30 contas de particulares
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O promotor de Justiça, Flávio Teixeira de Abreu Júnior ingressou na Comarca de José de Freitas-PI, na última segunda-feira (16 de janeiro de 2017), com uma tutela de urgência cautelar em caráter antecedente, pedindo o bloqueio de R$ 829.529,01, que teriam sido retirados dos 60 por cento do Fundeb da Prefeitura de José de Freitas-PI, que é utilizado para pagamento de professores do Município e depositado em 30 contas de particulares (Contas/CNPJ), contas de empresas.
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O promotor Flávio Teixeira está pedindo o imediato bloqueio dos valores, com base no artigo 294, parágrafo único, do Código de Processo Civil Brasileiro. O representante do Ministério Público em José de Freitas-PI, Flávio Teixeira de Abreu recebeu formalmente no dia 11 de janeiro de 2017 uma denúncia feita pelo atual prefeito de José de Freitas-PI, Roger Coqueiro Linhares (PP), informando que teria ocorrido na gestão do ex-prefeito Josiel Batista da Costa (PSDC), ilegalidades na transferência de recursos para 12 empresas fornecedoras.
De acordo com a denúncia de Roger Coqueiro, as transferências teriam ocorrido nos dias 28, 29 e 30 de dezembro de 2016 e no dia 2 de janeiro de 2017, totalizando uma movimentação de R$ 1.100.049,03.
Na denúncia entregue ao promotor Flávio Teixeira, o prefeito Roger Coqueiro afirma que ao ir até a Agência do Banco do Brasil de José de Freitas-PI, no dia 2 de janeiro de 2017, para verificar como estavam as contas bancárias da prefeitura, saber se tinha saldos e no intuito de trocar chave de acesso e senhas, foi informado pelo gerente da agência, que teria ocorrido significativa movimentação financeira em algumas contas do Município, referentes a pagamentos de fornecedores da administração, de forma agendada eletronicamente, para ocorrerem entre os dias 28 de dezembro de 2016 e 2 de janeiro de 2017.
Segundo ainda a denúncia do prefeito Roger Coqueiro ao Ministério Público, que ingressou com a tutela de urgência cautelar em caráter antecedente, um funcionário efetivo da prefeitura de José de Freitas, que é lotado no setor de contabilidade, informou que não existe nenhum registro de empenho ou liquidação dos pagamentos feitos no valor de R$ 1.100.049,03, ainda na gestão do ex-prefeito Josiel Batista da Costa.
Na tutela de urgência cautelar em caráter antecedente com pedido de bloqueio dos valores, o promotor Flávio Teixeira afirma que instaurou o Inquérito Civil Público nº 010/2016, através da Portaria nº 015/2016, publicada no Diário da Justiça do Estado do Piauí nº 8.066, no dia 22 de setembro de 2016, para apurar irregularidades em procedimentos licitatórios da Prefeitura de José Freitas.
Segundo o representante do MP, no inquérito civil público, em documentação adquiria no site do TCE-PI foi constatado que até o mês de maio de 2016 havia várias despesas (bens e serviços para distribuição gratuita, fornecimento de alimentos, gêneros alimentícios, material de consumo/combustíveis lubrificantes, material permanente bibliográfico, obras e estradas vicinais, auxílios financeiros a pessoas carentes e serviços de terceiros/pessoa física), as quais necessitavam para a sua realização, de procedimento licitatório, o que segundo as informações dos ordenadores responsáveis, estava consignado que elas tinham se realizado sem a realização de licitação.
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Promotor Flávio Teixeira de Abreu, titular da 2ª Promotoria de Justiça de José de Freitas
O promotor Flávio Teixeira afirma que os ordenadores responsáveis das despesas feitas sem a realização de licitação foram oficiados para prestarem esclarecimentos no inquérito civil público e todos permaneceram silentes.
O representante do MP de José de Freitas informa ainda na tutela de urgência cautelar em caráter antecedente, que o Relatório nº TC/011719/2016, referente à inspeção concomitante da Diretoria de Fiscalização da Administração Municipal (DFAM), do Tribunal de Contas do Estado do Piauí, o trabalho foi prejudicado pela sonegação de informações e de documentos por parte da Prefeitura de José de Freitas.
O promotor Flávio Teixeira diz que o processo de inexigibilidade de licitação para contratação da Empresa Volski Cultura Ltda pela Prefeitura de José de Freitas foi eivado de irregularidades e o Ministério Público de Contas do TCE-PI deu parecer pela procedência das irregularidades apontadas pela DFAM. Flávio Teixeira afirma ainda que os gestores não apresentaram defesa, apresentando apenas razões escritas depois de concluída a instrução do processo que no momento aguarda pauta de julgamento no TCE-PI.
De acordo com a tutela de urgência cautelar em caráter antecedente que o promotor Flávio Teixeira ingressou na Justiça de José de Freitas-PI, foi constatado ainda através de extrato, que a Conta nº 16487-9, onde é depositado os 60% do Fundeb para pagamento de professores do Município de José de Freitas, recebeu entre os dias 28 de dezembro de 2016 e 2 de janeiro de 2017, o valor de R$ 1.842.340,84, dos quais foi transferido para as contas particulares, o montante de R$ 829.529,01, valor este que o Ministério Público está pedindo que seja feito o bloqueio nas referidas contas particulares.
Segundo o promotor Flávio Teixeira de Abreu Júnior foi constatado ainda através de extrato que a Conta nº 20305-X, que recebe os 40% do Fundeb recebeu entre os dias 28 de dezembro de 2016 e 2 de janeiro de 2017, o valor de R$ 1.087.647.51, os quais foram repassados para outras contas da Prefeitura de José de Freitas e várias contas de particulares.
Após denúncia do prefeito Roger, MP instaurou outro inquérito civil público
Após a denúncia feita pelo prefeito Roger Coqueiro Linhares, o promotor Flávio Teixeira de Abreu Júnior, através da Portaria nº 001/2017, instaurou o Inquérito Civil Público nº 001/2017, a fim de apurar as irregularidades denunciadas e em breve entrará com outras ações cabíveis, além da tutela de urgência que já requereu à Justiça de José de Freitas.
“Os pagamentos efetuados com os valores do Fundeb são indubitavelmente ferimentos à ordem jurídica e a apuração da conduta de cada responsável far-se-á no Inquérito Civil Público. Entretanto, urge que os valores utilizados ilegalmente para o pagamento de fornecedores, em vez de pagar o magistério de José de Freitas, volte o quanto antes para quem de direito haveria de recebê-los. Afinal, não se pode permitir que um gestor, ao seu talante e violando as escâncaras a Lei nº 8.429 de 1992 e o Decreto-Lei nº 201 de 1997, prejudique centenas de pessoas”, afirma o promotor Flávio Teixeira no pedido de bloqueio dos valores desviados das contas do Fundeb da Prefeitura de José de Freitas.Prefeitura de José de Freitas-PI
O promotor de Justiça, Flávio Teixeira, com fulcro no artigo 306, do CPC, pede que seja citado o Município de José de Freitas, na pessoa do prefeito Roger Coqueiro Linhares, os titulares das contas particulares que receberam os valores, os responsáveis pela movimentação nas contas e eventuais terceiros beneficiados, para querendo contestar o pedido e indicar as provas que pretende produzir, e após a efetivação da tutela, seja notificado o MPE, para a formulação do pedido principal e o devido trâmite processual, nos termos do artigo 308, do CPC. No final, o promotor Flávio Teixeira de Abreu pede que a tutela de urgência seja julgada procedente. A ação é assinada também pelo estagiário do Ministério Público do Piauí, Ricardo de Pádua Cícero Alves de Alencar. O pedido de tutela de urgência será analisado pelo juiz Lirton Nogueira Santos, que é o titular da Comarca de José de Freitas-PI.

Fonte:http://realidadeemfoco.com.br  Saraiva Repórter