Bullying e "pacto de solidariedade" envolvem o caso da ameaça de atentado em escola
Foto: Ascom/São Pedro do Piauí
Navegando na rede social, o adolescente de 16 anos se depara com uma mensagem de outro jovem afirmando que iria cometer um suicídio e precisava de alguém para ajudá-lo nos últimos momentos. Os dois, que moram na mesma cidade, mas se conheceram na internet, passaram a combinar ameaças de invadir uma escola no município de São Pedro do Piauí ( a 107 km de Teresina).
Pelo menos essa é a versão que o adolescente de 16 anos - que foi apreendido na última terça-feira (19) por decisão judicial - contou a Polícia durante depoimento.
Para o delegado de Água Branca, Paulo Nogueira, que preside o inquérito, o adolescente garantiu que não iria levar adiante as ameaças. "Ele também não usou a palavra brincadeira. Disse que o propósito era uma ação de solidariedade com o outro jovem, de 19 anos, que tinha sofrido bullying na escola e estava disposto a cometer um ato contra sua vida", contou o delegado.
O adolescente passou a intensificar as conversas com o jovem e resolveram publicar ameaças via Twitter, segundo o delegado. As mensagens relatavam vivências de rejeição, de sofrimento e que estavam dispostos a fazer um ato que entraria para a história do município.
Dentro de casa
De acordo com a polícia, o adolescente usou a internet de sua residência para publicar as postagens.
"A investigação aponta que o adolescente é o autor das postagens, ele enviou de sua residência as ameaças, isso é comprovado no wifi de sua casa", disse Paulo Nogueira.
O delegado nega que tenha uma terceira pessoa envolvida no crime. Ele informou que essa história teve início após a mãe do menino apreendido comentar num grupo de Whatsapp sobre uma possível participação de um terceiro. "Isso não existe. É especulação", disse o delegado.
Ele disse ainda que conversou com as duas mães dos envolvidos nas ameaças. O segundo suspeito - um jovem de 19 anos - que a mãe relatou que sofre de depressão.
"A mãe nos relatou que ele (o segundo suspeito) sofre de depressão desde 2017 após sofrer bullying na escola. A mãe disse que ele não tinha histórico de depressão, mas agora frequenta o Caps e está tomando medicação".
Ameaçado de morte
Segundo o delegado, o pedido de internação também foi uma forma de proteção do adolescente. Ele estava sendo ameaçado de morte, segundo os familiares.
"Foi também uma garantia de segurança e também para coibir qualquer tentativa de concretização das ameaças, seja deles, seja de terceiros", disse Paulo Nogueira.
Nesta quarta-feira, retornaram as aulas no colégio Landri Sales, que foi alvo das ameaças de atentado.