Sem negociação, trabalhadores de ônibus cogitam nova greve
Setut só aceita negociar após licitação das linhas de ônibus. Sintetro teme que discussão fique para depois da Copa.
O impasse anual entre empresários e trabalhadores do transporte coletivo em Teresina (PI) já começou. O Sindicato dos Trabalhadores de Empresas de Transportes Rodoviários (Sintetro) reclama que os patrões não querem negociar o aumento salarial. Já o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Teresina (Setut) alega que não há como discutir reajuste antes da conclusão da licitação das linhas de ônibus da capital.
Foto: Setut
O Sintetro já se mobiliza. A entidade acionou o Ministério Público do Trabalho para que convoque uma nova audiência entre as duas partes. Na primeira, dia 14 de abril, o Setut não teria comparecido. Na segunda, dia 29, a entidade patronal afirmou que não há como negociar antes do fim da licitação, já que as empresas atuais não sabem se vão continuar a operar no sistema da capital.
Ao Cidadeverde.com, o Setut frisa que não se recusa a negociar reajuste com a categoria, mas tomou posicionamento baseado na necessidade de se concluir a licitação.
Fotos: Yala Sena/Cidadeverde.com
Francisco das Chagas Oliveira quer negociação antes da licitação
Motoristas e cobradores de ônibus não entendem assim. Em assembleia no dia 30, a categoria decidiu convocar nova mesa de negociação. "A nossa data-base é 1º de maio independente de quem opera o sistema. Quem está operando o sistema hoje é o Setut. Após o fim do edital, as empresas que ganharem terão que cumprir o que for negociado", defende o presidente do Sintetro, Francisco das Chagas Oliveira.
A situação faz a categoria cogitar cruzar os braços. "A possibilidade hoje está mais clara do que nos outros anos", avalia o diretor do Sintetro Fernando Soares Santos. "A gente não descarta a possibilidade de greve", confirma Oliveira.
A preocupação dos trabalhadores tem outro nome: Copa do Mundo. A abertura dos envelopes da licitação das linhas de ônibus foi adiada para 11 de junho. No dia seguinte, a seleção brasileira estreia no torneio. A negociação poderia ficar somente para agosto, após a competição.
O Sintetro quer reajuste de 13%, redução da jornada de trabalho de 7 horas e 20 minutos para 6 horas diárias, unificação do tíquete alimentação, aumento da frota de ônibus, café da manhã para os trabalhadores e zerar participação do plano de saúde - hoje os trabalhadores pagam R$ 34, 40% do valor total.
No ano passado, a solução do impasse veio somente com dissídio coletivo no Tribunal Regional do Trabalho. O Sintetro queria 15% de aumento. Conseguiu 9,05%, acima da inflação. O motorista passou a ganhar R$ 1.325, enquanto o cobrador teve vencimento alterado para R$ 811.