terça-feira, 3 de dezembro de 2024

BLITZ DE TRÂNSITO: UM ATENTADO À LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO OU NECESSIDADE DE CONTROLE?



As blitze de trânsito em Teresina continuam a gerar polêmica, dividindo opiniões entre a necessidade de controle para coibir crimes e a sensação de abuso contra cidadãos, especialmente trabalhadores que dependem de veículos para sua sobrevivência.

Embora reconheçamos a importância das fiscalizações para combater infrações graves, como dirigir sob efeito de álcool, posse de armas ou cumprimento de mandados de prisão, a prática de apreender veículos por débitos tributários tem sido vista como uma afronta à liberdade e à dignidade de cidadãos que enfrentam dificuldades financeiras.

A Realidade das Blitze no Piauí

Em Teresina, é comum observar operações que terminam com dezenas de veículos apreendidos, não por risco imediato à segurança, mas por inadimplência no pagamento de tributos. "O estado não é dono dos bens dos trabalhadores humildes", argumentam críticos da prática.

Segundo dados recentes, o Departamento Estadual de Trânsito do Piauí (Detran-PI) é o segundo maior arrecadador de tributos no estado, perdendo apenas para a Secretaria de Fazenda (Sefaz). O órgão esteve recentemente envolvido em escândalos de corrupção, o que aumentou a desconfiança da população sobre as reais intenções das fiscalizações.

Abordagens e Direitos do Cidadão

É fundamental que a população conheça seus direitos em abordagens de trânsito, como:

Recusa ao teste de etilômetro: Apesar de implicar penalidades administrativas, o motorista não pode ser obrigado a realizar o teste.

Uso de algemas: Só é permitido em casos de resistência, risco de fuga ou ameaça à integridade física.

Revista pessoal: Deve ser feita por policiais do mesmo sexo.

Acompanhamento de revista veicular: O cidadão pode solicitar a presença de testemunhas para garantir transparência.

Esses direitos existem para proteger contra abusos de autoridade, mas nem sempre são respeitados.

Alternativas e Soluções

Para especialistas, uma alternativa seria priorizar blitze inteligentes, focadas em crimes mais graves, com uso de tecnologia para identificar veículos roubados ou condutores perigosos, em vez de apreender bens de trabalhadores por questões tributárias.

A doutora Flávia Falquetto, especialista em Direito Criminal, também destaca a importância de conscientizar a população sobre abusos de autoridade e procedimentos incorretos. "Abordagens devem ser feitas dentro dos limites da legalidade, protegendo o cidadão contra arbitrariedades", afirma.

Um Chamado ao Debate

Enquanto o estado continua sua busca por arrecadação, trabalhadores enfrentam a apreensão de veículos essenciais à sua sobrevivência. É urgente repensar as estratégias das blitze, garantindo que elas não se tornem um instrumento de opressão, mas sim uma ferramenta para um trânsito mais seguro e justo.

Que caminhos podemos trilhar para equilibrar segurança pública e respeito aos direitos dos cidadãos?

fonte www.djfmnoticias.com.br