Quando no auge, a Inpacta Incorporadora exibia sua marca em letras grandes nobonito prédio localizado no bairro Ininga, ao lado da Universidade Federal do Piaui. Hoje o local não possui nenhuma identificação. Os funcionários trabalham em discrição e os dois telefones divulgados no site não atendem, mesmo após tentativas da reportagem durante dias. O telefone celular do proprietário, Rodrigo Carvalho, também não atende. A fanpage deixou de ser atualizada no dia 29 de agosto.
O desfecho do caso que será contado a seguir, mostra como algun sempreendimentos do Piauí que não deram certo, seguem um protocolo de atos erradas e acabam prejudicando o sonho dos que pagam caro para realizarem seu desejo.
Quando a Inpacta Incorporadora
lançou o condomínio Reserva Flamboyant, logo ganhou a atenção pelo projeto inovador e as novidades que trazia para o mercado imobiliário. O empreendimento era audacioso, prometia o que havia de melhor na construção civil e a arquitetura arrojada. Logo ganhou admiradores. Os resultados foram excelentes. Venderam as quase 60 unidades disponíveis. As obras começaram no dia 16 de outubro de 2014 e ficou na terraplanagem. O local agora permanece intocável e sem previsão de continuidade. O Valor Geral de Vendas (VGV) superava R$ 30 milhões.
Prédio da Impacta no auge das vendas, e agora, após as denúncias
O Piauí, assim como outros estados, viveu bons momentos no mercado imobiliário, mas nos últimos anos casos têm chamado a atenção, como aconteceu com a Construtora Realize, onde a proprietária, Cristina Ibiapina, chegou a ser presa após mais de 400 denúncias de pessoas que alegaram não ter recebido os imóveis.
O caso da Inpacta torna-se grave, pois além do empreendimento ter sido vendido sem o Registro de Incorporação, houve sérios problemas com o terreno onde o condomínio seria construído, que resultou na paralização da obra e frustrou meia centena de clientes que adquiriram o seus imóveis a um preço médio de R$ 500 mil.
Obra parada da Inpacta na BR-343
A Inpacta hoje tem que lidar com uma série de processos na justiça além da dor de cabeça com a negociação com os clientes, muitos deles exigindo o ressarcimento. Além disso, sofre sanções do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-PI) que tem sido rígido com os empreendimentos que atuam de forma ilegal.
RESERVA FLAMBOYANT: O SENHOR QUE VIROU PESADELO
A obra está localizada na BR-343, na saída de Teresina, região que tem abrigado residenciais de alto padrão da capital. Constituído de 59 unidades de casas com dois pavimentos, onde foram oferecidas duas opções de área de construção: 157,81 m² e 174,76 m². O condomínio fechado incluía salão de festas, salão de jogos, duplex com bar gourmet, campo de futebol, fitness, playground, parque de águas com piscina adulta e infantil, deck molhado, guarita elevada de segurança, ampla área externa, com ruas internas para circulação de veículos, zeladoria, churrasqueira e quadra de vôlei.
Projeto do emprendimento
As obras nem haviam começado, mas os problemas sim.
CORRETORES SE RECUSARAM A VENDER
O empreendimento era muito bom, mas havia um problema: não possuía Registro de Incorporação. O RI é um documento que oferece algumas garantias ao comprador. Ele descreve todas as características construtivas do condomínio e tem como principal objetivo informar ao comprador como ele será entregue. Através do registro é possível saber detalhes da planta de todos os espaços, além de outras documentações.
Anúncio da Blue Imóveis
O RI assegura que o condomínio será entregue respeitando o método de construção e os prazos designados pela lei, sendo que não sofrerá modificações ao longo da edificação que não estejam mencionadas no registro.
Era justamente isso que o Reserva Flamboyant não tinha. A reportagem do portal 180 entrou em contato com um corretor, que preferiu não se identificar, que falou do problema na época. “Temos um bom relacionamento com a Inpacta, mas devido esse problema de não ter o Registro de Incorporação, nossa imobiliária preferiu não vender”, disse.
PROBLEMAS COM O TERRENO
Segundo outro corretor, o terreno onde o empreendimento está sendo construído era de herança. Alguns herdeiros negociaram com a Inpacta, até como permuta, onde unidades do condomínio são negociadas. Mas devido ao não cumprimento do acordo, o espólio foi motivo de disputa.
OUTROS PROBLEMAS
O Reserva Flamboyant também enfrentou problemas com a liberação de licenças ambientais. Além disso, o Creci e Ministério Público fiscalizaram o empreendimento através de denúncias. A Inpacta também teve problemas com outros empreendimentos, como o Bourbon, onde teve que devolver o dinheiro pago por clientes insatisfeitos. Corretores acreditam que dificilmente a entrega do Flamboyant, que começaria em marco de 2016, deva acontecer.
CORRETORES EVITAM FALAR
Obter informações com os corretores de imóveis sobre o empreendimento não foi tarefa fácil. A reportagem do portal 180 entrou em contato com o proprietário da ABC Imóveis, Manoel Carmarço, diversas vezes, mas em toda as tentativas ele disse que não poderia falar naquele momento. A ABC foi uma das imobiliárias que mais vendeu unidades do Flamboyant. Na Habitar Imóveis uma corretora disse que não ia falar do assunto. Na Blue Imóveis o telefone fixo não funciona há dias e no dia que foi feito o contato uma mulher disse que no momento estava sem informação.
CRECI ESTÁ ATENTO
O portal 180 entrou em contato com o presidente do Creci, Nogueira Neto, que confirmou que está ciente do caso e que o conselho tem trabalhado para evitar que casos como este prejudiquem os corretores e clientes. Ele afirmou dará encaminhamentos necessários e depois se manifestará sobre o caso.
DENUNCIE
O Piauí já teve casos trágicos que empreendimentos que não deram certo e muitos outros começam a dar sinais de problemas. Se você foi ou é lesado em situações semelhantes como esta, é preciso denunciar.
fonte 180graus.com
